domingo, junho 29, 2003
elogio da sombra #1
Não me acho capaz de elaborar um comentário literário. Não gosto de os ler sobre e antes do livro que tenciono ler e até os prefácios deixo para o fim da leitura. Gosto que as impressões, emoções, que colho de um livro sejam quase inequivocamente minhas. Aprecio uma sugestão da pessoa certa mas a abundância de elogios diminuem o impacto e adulteram o sabor, necessariamente, e nada supera a pretensa "descoberta" de um novo livro que nos parece que mais ninguém leu. Nada de novo, isto.
O que se pretende, então, com o espaço elogio da sombra[1]? Não comentar, não revelar, não influenciar; tão só tentar tornar dizível o silêncio, a sombra, que ficam depois de certos livros.
[1] Título "roubado" a Jorge Luís Borges.
.......................................................
Equador é o primeiro romance de Miguel Sousa Tavares, já toda a gente sabe. É um romance histórico que se desenvolve em anunciada latitude, ainda que o equador pretenda ser também metáfora (a descobrir), mas, ao contrário do que presumo que seja o clima dos trópicos, Equador não provoca problemas respiratórios a quem o lê; é leve o ar que nele se inala e que nos incentiva a continuar dentro da história, e da História também. No entanto, falta qualquer coisa a este livro. Digamos que é uma boa tarde de sol que não se confirma em crepúsculo, que não explode em emoção. E eu esperava isso de Miguel Sousa Tavares, depois de Não te deixarei, David Crockett.
Não me acho capaz de elaborar um comentário literário. Não gosto de os ler sobre e antes do livro que tenciono ler e até os prefácios deixo para o fim da leitura. Gosto que as impressões, emoções, que colho de um livro sejam quase inequivocamente minhas. Aprecio uma sugestão da pessoa certa mas a abundância de elogios diminuem o impacto e adulteram o sabor, necessariamente, e nada supera a pretensa "descoberta" de um novo livro que nos parece que mais ninguém leu. Nada de novo, isto.
O que se pretende, então, com o espaço elogio da sombra[1]? Não comentar, não revelar, não influenciar; tão só tentar tornar dizível o silêncio, a sombra, que ficam depois de certos livros.
[1] Título "roubado" a Jorge Luís Borges.
.......................................................
Equador é o primeiro romance de Miguel Sousa Tavares, já toda a gente sabe. É um romance histórico que se desenvolve em anunciada latitude, ainda que o equador pretenda ser também metáfora (a descobrir), mas, ao contrário do que presumo que seja o clima dos trópicos, Equador não provoca problemas respiratórios a quem o lê; é leve o ar que nele se inala e que nos incentiva a continuar dentro da história, e da História também. No entanto, falta qualquer coisa a este livro. Digamos que é uma boa tarde de sol que não se confirma em crepúsculo, que não explode em emoção. E eu esperava isso de Miguel Sousa Tavares, depois de Não te deixarei, David Crockett.