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quarta-feira, junho 18, 2003

surdina*
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Para que nem tudo vos seja sonegado,
cultivai a surdina.
Eu fico em surdina.
Em surdina aparo
os utensí­lios,
em surdina me preparo
para morrer.
Amo, chut!, em surdina:
a minha vida,
nesga entre dois ponteiros, fecha-se
em surdina.

Sebastião Alba, Uma Pedra ao lado da Evidência, Campo das Letras, 2000


Dual é todo este tempo em que agora habito. Um tempo de surdina, um dia chamei-lhe sombras, onde a poesia ainda pulsa, um dia chamaram-me sol.

Não sei o que vai resultar daqui. Se vai resultar qualquer coisa sequer. Ficará depois a surdina, de qualquer forma.


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