sábado, julho 19, 2003
começar o Sábado com um poema*
Depois de duas semanas no lindíssimo mas apenas tolerável-porque-lá-me-sinto-enclausurada Arquivo Distrital do Porto, e a saga continuará por mais uns dias, absorvendo/folheando processos, tenho saudades de Mourão-Ferreira (deu-me assim de repente), que é como quem diz da sua poesia táctil, que me torna o corpo mais corpo. As mãos à procura de um imperdoável litoral que torne tangíveis todos os meus segredos.
Abrindo o livro ao acaso:
Sotto Voce
É possível que eu esqueça a liquidez da Lua
o sono dessa rua às três da madrugada
a longa caminhada orquestrada pela chuva
a sombra de uma luva em cima de uma vaga
É possível que eu esqueça o dia em que nasceste
Em que depois da luva apareceram as mãos
É possível que eu esqueça Ou que me seja indiferente
É preciso que não É preciso que não
David Mourão-Ferreira, Obra Poética, Ed. Presença
Depois de duas semanas no lindíssimo mas apenas tolerável-porque-lá-me-sinto-enclausurada Arquivo Distrital do Porto, e a saga continuará por mais uns dias, absorvendo/folheando processos, tenho saudades de Mourão-Ferreira (deu-me assim de repente), que é como quem diz da sua poesia táctil, que me torna o corpo mais corpo. As mãos à procura de um imperdoável litoral que torne tangíveis todos os meus segredos.
Abrindo o livro ao acaso:
Sotto Voce
É possível que eu esqueça a liquidez da Lua
o sono dessa rua às três da madrugada
a longa caminhada orquestrada pela chuva
a sombra de uma luva em cima de uma vaga
É possível que eu esqueça o dia em que nasceste
Em que depois da luva apareceram as mãos
É possível que eu esqueça Ou que me seja indiferente
É preciso que não É preciso que não
David Mourão-Ferreira, Obra Poética, Ed. Presença