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terça-feira, julho 15, 2003

de um encontro*
na passada sexta-feira lá me dirigi ao alçude para a tal conversa com os escritores da lusofonia. foi, sem dúvida, um encontro agradável. limitei-me, claro está, a ouvir. afinal, havia gente com dúvidas e questões mais prementes que as minhas, já para não falar no desnecessário (ou intimidante) microfone que a pessoa tinha de usar. não tinha grande intenção de aqui deixar estes comentários avulsos, neste registo diarístico que me convenço não possuo (a gente ilude-se... lá diz o ditado acerca do pior cego), mas a verdade é que o momento teve o seu quê de especial, uma ou outra coisa merecem ser registadas, uma ou outra coisa que precisava ouvir.
às tantas, falou-se do ensino de língua portuguesa em timor, de entender até que ponto faz sentido. a mim sempre me fizera alguma confusão esta nossa insistência à volta do assunto, e depois culpava-me por uma parte de mim não ser imune e desejar o mesmo. veio, sem saber, francisco josé viegas ao meu encontro, encontrou ele a melhor desculpa possível, tão boa que me senti de imediato absolvida. nenhum dos presentes foi particularmente optimista em relação ao futuro do português por aqueles lados, no entanto encantou-me f.j.v. quando disse (terá sido mais ou menos isto) que não se tratava, para ele, de qualquer espécie de patriotismo, desejava que em timor se falasse português apenas porque assim os entenderia(mos) melhor. sim, é uma questão de egoísmo, mas estes egoísmos dos afectos comovem-me, acredito até, que pelo afecto se legitimam. também eu desejava que em timor o uso da língua portuguesa se generalizasse, e agora, graças ao viegas, desejo-o sem culpas neo-colonialistas (coisa ridícula de se dizer, assim, por alguém da minha geração, mas que hei-de fazer?).
eles falaram de livros, dos seus livros e dos livros dos outros, da língua, a nossa, e das línguas, dos outros. creio que foi agualusa que trouxe à conversa a torre de babel e de como era uma vitória isto de termos muitas línguas, isto de termos tantas formas de nomear o mundo e de como cada língua detém a possibilidade de dizer mais de qualquer coisa... precioso "isto", não?


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