terça-feira, agosto 12, 2003
mal(zinho)*
porque também tenho alturas em que no mais fundo de mim te quero ver sofrer. no mais fundo e verdadeiro de mim. desejo-te os males do mundo. no mais verdadeiro e sujo de mim, penso-te numa dor intensa. melhor se por mim infligida.
tenho momentos entregues ao exercício suave de te imaginar o sangue. e nem tem que ser o sangue brotando da carne, que nem sempre o estômago reage bem à ideia de carnificina. imaginar-te o sangue, correndo mais rápido nas veias, bombeando mais forte no peito. imaginar-te o sangue mais vermelho de medo, a testa mais molhada de pânico. as mãos mais nervosas de suor, os lábios mais finos de olhos mais despertos de narinas mais abertas de saliva que mais falta na boca seca.
por vezes, acordo de manhã com a cabeça a estourar, juro que vai rebentar. o que quer que seja que tenho dentro dela parece inchar e empurrar os olhos em ameaças de sair pelos ouvidos. a blusa cola-se às costas enquanto me diluo. vomito duas ou três golfadas de um líquido amarelo e amargo.
é preciso esvaziar-me de mim. é preciso esvair-me de ácidos.
a verdade é que os olhos ficam fundos de sono se me faço mãos e os dedos não bastam para segurar o peso todo deste corpo. a verdade é que são frágeis os pulsos e nenhuma força aqui reside para estrangular quem me olha. é esta a verdade e, no entanto, diria que olhar-me é risco desnecessário... se não pelo mal que contorno, pela fraqueza que o encerra.
porque também tenho alturas em que no mais fundo de mim te quero ver sofrer. no mais fundo e verdadeiro de mim. desejo-te os males do mundo. no mais verdadeiro e sujo de mim, penso-te numa dor intensa. melhor se por mim infligida.
tenho momentos entregues ao exercício suave de te imaginar o sangue. e nem tem que ser o sangue brotando da carne, que nem sempre o estômago reage bem à ideia de carnificina. imaginar-te o sangue, correndo mais rápido nas veias, bombeando mais forte no peito. imaginar-te o sangue mais vermelho de medo, a testa mais molhada de pânico. as mãos mais nervosas de suor, os lábios mais finos de olhos mais despertos de narinas mais abertas de saliva que mais falta na boca seca.
por vezes, acordo de manhã com a cabeça a estourar, juro que vai rebentar. o que quer que seja que tenho dentro dela parece inchar e empurrar os olhos em ameaças de sair pelos ouvidos. a blusa cola-se às costas enquanto me diluo. vomito duas ou três golfadas de um líquido amarelo e amargo.
é preciso esvaziar-me de mim. é preciso esvair-me de ácidos.
a verdade é que os olhos ficam fundos de sono se me faço mãos e os dedos não bastam para segurar o peso todo deste corpo. a verdade é que são frágeis os pulsos e nenhuma força aqui reside para estrangular quem me olha. é esta a verdade e, no entanto, diria que olhar-me é risco desnecessário... se não pelo mal que contorno, pela fraqueza que o encerra.