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sexta-feira, agosto 01, 2003

no feminino #6*

perigeu

da linha indivisível dos dias
teço a minha respiração
como se perscrutasse os interstícios do desassossego
onde arrumo o corpo
noite após noite
como se dormisse

exaurida das lágrimas hoje
o meu sal é todo pele
e acordo numa sublime palavra azul
de contornos áureos
como o outono que quebra a espiga
já madura
no vento manso

do corpo
um latejar de asas
um restaurar da fome
pelos bagos que roubo da boca das manhãs
rente ao júbilo das promessas
recuperadas

e hoje
com o sabor a equinócio de todos os dias
que renascem
como devem
sou astro engolindo a escuridão

todos os brilhos são sóis que me devolvem
ao rumor das rosas.


R. C. (insensatez, claire_lunar), algures por aí

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