domingo, setembro 14, 2003
B)...*
quando andava na escola primária, as meninas recebiam bilhetinhos dos meninos. umas vezes os meninos identificavam-se. outras diziam "és a miúda mais gira da escola" e não assinavam. os motivos por que optavam pelo anonimato iriam da inocente timidez aos primeiros indícios daquilo a que um adulto apatetado chamaria "jogo de pura sedução". depois cresce-se um bocadinho, muda-se pouco, mudam as estratégias.
e eu, não sendo uma rapariga de muita idade, sério que não, já vou dando por mim a pensar "valham-me os deuses, acho que já não tenho idade isto.". acontece, por exemplo, na manhã seguinte a um jantar mais animado, ou a uma saída mais regada, quando percebo que não me diverti assim tanto que justifique a dor de cabeça, o embrulho do estômago, a secura da boca. acontece também quando tiro a bicicleta da garagem (estrategicamente guardada em casa dos pais) para ir até ao jardim mais próximo deitar os bofes pela boca. devo estar a ficar, mais que velha (que não estou, garanto que não estou), cansada.
bom, ao que aqui me traz, que é assunto delicado e que hesito contar, por decoro, por receio da indelicadeza. não é que ao fim de vinte anos volto a receber recadinhos anónimos? só que assim, por sms, tem muito menos piada. aprendam, vós que começais agora na arte da sedução, começou com um enigmático "olá cláudia", para depois, passadas horas, me lembrar que devia estar a morrer de curiosidade sobre a sua identidade e que seria melhor assim, que eu a não soubesse, que jogaríamos, que me iria dando pistas até que eu descobrisse, e era certo que eu iria descobrir, apesar de de não nos conhecermos, era o que me dizia. achei que me estavam a gozar. comecei a pensar e lembrei-me que m. comentara que havia comprado telemóvel novo e ainda não me havia dado o número, mas este não é bem o seu tipo de brincadeira. quem, dos meus amigos ou conhecidos, poderia lembrar-se de um disparate destes? ocorreu-me p., capaz de se lembrar de todo e qualquer tipo de disparate. o certo é que à medida que as mensages foram chegando fui encurtando a lista de suspeitos até chegar, meio incrédula, à constatação de que esta pessoa estava mesmo a falar a sério.
alguém que, pelos vistos, me vê todos os dias (excepto fins-de-semana e férias), alguém que jé falou comigo por mais do que uma vez (não muito mais que o boa tarde, é certo) deu-se ao trabalho de desencantar o meu número (nota mental: não esquecer de açoitar brutal e impiedosamente s. por me entregar de bandeja) para me cortejar como se fosse uma menina de oito anos. parece que me quer levar ao cinema, é o que me diz.
Évora tem duas salas de cinema (não contando com os filmes que passam no auditório soror mariana, até porque esses ainda estão de férias), alfa 1 american pie, alfa 2 piratas das caraíbas, não me apetece ver nenhum dos dois, para ser franca, tão pouco me apetece sair com alguém que me queira levar a assistir a qualquer um dos dois. em justiça, é possível que a criatura nem sequer saiba quais os filmes da semana.
quando andava na escola primária, as meninas recebiam bilhetinhos dos meninos. umas vezes os meninos identificavam-se. outras diziam "és a miúda mais gira da escola" e não assinavam. os motivos por que optavam pelo anonimato iriam da inocente timidez aos primeiros indícios daquilo a que um adulto apatetado chamaria "jogo de pura sedução". depois cresce-se um bocadinho, muda-se pouco, mudam as estratégias.
e eu, não sendo uma rapariga de muita idade, sério que não, já vou dando por mim a pensar "valham-me os deuses, acho que já não tenho idade isto.". acontece, por exemplo, na manhã seguinte a um jantar mais animado, ou a uma saída mais regada, quando percebo que não me diverti assim tanto que justifique a dor de cabeça, o embrulho do estômago, a secura da boca. acontece também quando tiro a bicicleta da garagem (estrategicamente guardada em casa dos pais) para ir até ao jardim mais próximo deitar os bofes pela boca. devo estar a ficar, mais que velha (que não estou, garanto que não estou), cansada.
bom, ao que aqui me traz, que é assunto delicado e que hesito contar, por decoro, por receio da indelicadeza. não é que ao fim de vinte anos volto a receber recadinhos anónimos? só que assim, por sms, tem muito menos piada. aprendam, vós que começais agora na arte da sedução, começou com um enigmático "olá cláudia", para depois, passadas horas, me lembrar que devia estar a morrer de curiosidade sobre a sua identidade e que seria melhor assim, que eu a não soubesse, que jogaríamos, que me iria dando pistas até que eu descobrisse, e era certo que eu iria descobrir, apesar de de não nos conhecermos, era o que me dizia. achei que me estavam a gozar. comecei a pensar e lembrei-me que m. comentara que havia comprado telemóvel novo e ainda não me havia dado o número, mas este não é bem o seu tipo de brincadeira. quem, dos meus amigos ou conhecidos, poderia lembrar-se de um disparate destes? ocorreu-me p., capaz de se lembrar de todo e qualquer tipo de disparate. o certo é que à medida que as mensages foram chegando fui encurtando a lista de suspeitos até chegar, meio incrédula, à constatação de que esta pessoa estava mesmo a falar a sério.
alguém que, pelos vistos, me vê todos os dias (excepto fins-de-semana e férias), alguém que jé falou comigo por mais do que uma vez (não muito mais que o boa tarde, é certo) deu-se ao trabalho de desencantar o meu número (nota mental: não esquecer de açoitar brutal e impiedosamente s. por me entregar de bandeja) para me cortejar como se fosse uma menina de oito anos. parece que me quer levar ao cinema, é o que me diz.
Évora tem duas salas de cinema (não contando com os filmes que passam no auditório soror mariana, até porque esses ainda estão de férias), alfa 1 american pie, alfa 2 piratas das caraíbas, não me apetece ver nenhum dos dois, para ser franca, tão pouco me apetece sair com alguém que me queira levar a assistir a qualquer um dos dois. em justiça, é possível que a criatura nem sequer saiba quais os filmes da semana.