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segunda-feira, setembro 29, 2003

longe de mim mesma ou a fingir que sim #2*

Sobre a tristeza, poemas de Rui Almeida

(a quem agradeço este privilégio )


Rouba-me os tendões para fazer harpas
e guarda a cisterna como uma porta.

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Por vezes rendo-me ao betão armado,
às lojas dos centros comerciais,
ao brilho de certos anéis.

E entro fácil atrás de vozes
de anjos demasiado pequenos
vindos de muitos lados.

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AGORA, ESTAR, AINDA

Escrever é íntimo demais
para não ser acto de amor.

É as letras a estarem juntas por
sabermos que é assim que as queremos. E

amamos e nos deixamos amar
pelas sílabas de um rosto que é outra
coisa, não papel ou tinta ou mão que escreve.

Será olhos e nariz e boca e
beijos e respiração e olhares
ditos devagar depois de terem sido.

................

Não é só do pão que preciso, é
da água
e da morte, do caminho entre as
canas até à figueira. Preciso
dos olhos dolentes de um cão, das terras
cheias de erva e das casas em ruínas.

Preciso do cheiro do amor na terra.

................

Os poetas são seres de papel
como as paredes das casas na China

................

Delicadamente,
pouso os meus pés sobre as ilhas
e sobrevoo a tristeza
apertado pela luz como diante do céu


______________

Que este seja apenas o mote para que o Rui
deixe mais poesia sua distribuída na rua.

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