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segunda-feira, outubro 13, 2003

desatenções*
Estava eu aqui com a Beth Gibbons e Mazzy Star a embalar-me, a escrever sobre fomento e obras públicas, a senda do progresso, modelos económicos, atrasos estruturais e dependências externas, contradições oitocentistas que Fontes não conseguiu resolver por bom augúrio que o seu nome anunciasse quando me aparece a D. Fernanda pelo pseudo-escritório dentro com os seus oitenta anos, corpo de luto e voz de menina, e me pergunta se eu ainda não tinha olhado pela janela. Que não propriamente. Que só as árvores no contraste com o cinzento, mas percebi a intenção e levantei-me. E lá estavam todos. Padre, entidades camarárias, ilustres personagens da freguesia, a senhora do avental entre as senhoras dos aventais, a freirinha porque parece que o padre convocou na missa de domingo, os carros e os camiões e as placas de desvio dispostas em círculo, como que ainda viciadas pelo ar da manhã. Eis a inauguração das obras para instalação do saneamento básico em S. Mamede de Coronado. Diz a D. Fernanda que às 11 horas é em S. Romão. E eu ainda me espanto com as minhas desatenções. De não saber da inauguração. E de me dedicar à História e ter que falar aos alunos do fomento português do séc. XIX. Vou aos papéis e confirmo: sim, séc. XIX. A D. Fernanda já vai descendo e também me confirma: quer dizer, se eu não viesse cá cima nem davas por nada, sandrinha. Pois não, só quando caísse num dos buracos...

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