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terça-feira, novembro 18, 2003

elogio da sombra #5


Noites Brancas, Fiódor Dostoiévsky, Assírio & Alvim, lisboa, 2001

- (...) garanto-lhe que as mulheres apreciam essa timidez; se quer saber ainda mais, digo-lhe que também eu gosto dela e que não o vou largar até chegarmos a minha casa.
- A menina é capaz de fazer que eu perca a timidez - comecei ee, ofegando de entusiasmo -, e então lá se vão os meus recursos!...
- Recursos? Que recursos? Para quê? Isso já está mal.
- Desculpe, não volto a dizê-lo, escapou-me; mas, o que quer?, num momento destes é natural que haja uma vontade...
- De que gostem de si?
- Exactamente. Mas, por amor de Deus, compreenda-me. Olhe para mim! É que já tenho vinte e seis anos e nunca conheci ninguém na vida. Como poderia então falar com habilidade, com o sentido da oportunidade? Mesmo para si própria é melhor que tudo seja aberto, sincero... Quando o meu coração fala, não sei calar-me. Aliás, não interessa... Pode não acreditar, mas... nenhuma mulher, nunca, nunca! Nenhum conhecimento! Limito-me a sonhar, dia após dia, que encontro finalmente alguém. Ah, se soubesse quantas vezes já estive apaixonado dessa maneira!...


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