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segunda-feira, janeiro 19, 2004

Eugénio de Andrade*

Escrevo já com a noite
em casa. Escrevo
sobre a manhã em que escutava
o rumor da cal ou lume,
e eras tu somente
a dizer o meu nome.
Escrevo para levar à boca
o sabor da primeira
boca que beijei a tremer.
Escrevo para subir
às fontes.
E voltar a nascer.


Eugénio de Andrade, Os sulcos da sede,
FEA, 2001

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