quarta-feira, janeiro 21, 2004
Gottfried Benn*
GENTE ENCONTRADA
Tenho encontrado gente que
se se lhes pergunta pelo nome
respondem com modéstia como se
não se atravessem sequer a reclamar que o têm.
"Cristiano". E logo dizem
"como o nome próprio", na intenção de explicarem
que não é um nome raro como Popiol ou Baberdererde,
"como o nome próprio", ora, não incomode a memória com tal coisa.
Tenho encontrado gente que
cresceu com os pais e quatro irmãos num quarto
e que, de noite, os dedos nos ouvidos,
estudou só com o fogão da cozinha,
e no mundo se ergue - por fora ladylike e bela como uma duquesa,
por dentro doce e delicada como Nausícaa,
a fronte pura de anjo.
E tenho-me perguntado muitas vezes sem resposta alguma
de onde é que a gentileza e a bondade vêm;
ainda hoje não sei, e é tempo de ir-me embora.
[Tradução de Jorge de Sena]
.......................................................
Poetas novos entre conversas.
GENTE ENCONTRADA
Tenho encontrado gente que
se se lhes pergunta pelo nome
respondem com modéstia como se
não se atravessem sequer a reclamar que o têm.
"Cristiano". E logo dizem
"como o nome próprio", na intenção de explicarem
que não é um nome raro como Popiol ou Baberdererde,
"como o nome próprio", ora, não incomode a memória com tal coisa.
Tenho encontrado gente que
cresceu com os pais e quatro irmãos num quarto
e que, de noite, os dedos nos ouvidos,
estudou só com o fogão da cozinha,
e no mundo se ergue - por fora ladylike e bela como uma duquesa,
por dentro doce e delicada como Nausícaa,
a fronte pura de anjo.
E tenho-me perguntado muitas vezes sem resposta alguma
de onde é que a gentileza e a bondade vêm;
ainda hoje não sei, e é tempo de ir-me embora.
[Tradução de Jorge de Sena]
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Poetas novos entre conversas.