<$BlogRSDUrl$>

sexta-feira, janeiro 30, 2004

magnólias*


Imogen Cunningham

Eu. Nada tenho para dizer. Sou um tudo nada mais finita que o mundo. Penso em flores. Magnólias. Ando obcecada com as magnólias. Vejo-as por todo o lado. Pressinto-as depois de cada curva. Hoje duas árvores. Hoje, uma árvore enorme por detrás de uma casa. Brancas. As magnólias. Têm de ser brancas. As lilases não me satisfazem. Também me disseram que florescem um tudo nada mais tarde. Um dia escrevi qualquer coisa sobre “rosas bravas que florescem por engano no Inverno”. O verso do poeta está trocado mas ainda assim é Janeiro. Inverno. Não é importante. É inverno e as magnólias abrem à noite. O branco empurra a noite. Abre-a. Também. É como uma dança. A claridade. É isso. A claridade. O desejo é como a claridade. Abre-se. Abre-me. Gentilmente. E depois. Dizemos noite como se uma palavra perfumasse o que ainda agora ficou para trás. Não sei se suporto. O que me fazem as magnólias. E vem. De novo. A noite. Entre o pudor e o sobressalto. Língua no contorno. Das sombras. Dos seios. Magnólias. Em flores. Um tudo nada mais. Nada para. Eu.

Sandra Costa

This page is powered by Blogger. Isn't yours?