segunda-feira, fevereiro 09, 2004
encontrei mais um*
História de amor
Era primavera em todas as montanhas
tecidas de lilás
e o luar escorria pelas casas,
decifrando alegorias e monólogos.
Ao findar da tarde, havia já
no olhar de toda a gente
um itinerário definitivo
de sensações breves e paradoxais.
Das mãos das mulheres
saíam cavalos de barro
com fios invisíveis,
que suspendiam todas as perversões
e os limos perfumavam a bruma
como um símbolo imortal.
Foi então que, no meio da noite,
um adolescente iniciou,
perturbado e lento,
todos os cambiantes do seu corpo nu,
até à ruptura líquida do desejo.
E todas as mulheres
o adoptaram como filho.
Graça Pires, Poemas,
Vega, 1990.
História de amor
Era primavera em todas as montanhas
tecidas de lilás
e o luar escorria pelas casas,
decifrando alegorias e monólogos.
Ao findar da tarde, havia já
no olhar de toda a gente
um itinerário definitivo
de sensações breves e paradoxais.
Das mãos das mulheres
saíam cavalos de barro
com fios invisíveis,
que suspendiam todas as perversões
e os limos perfumavam a bruma
como um símbolo imortal.
Foi então que, no meio da noite,
um adolescente iniciou,
perturbado e lento,
todos os cambiantes do seu corpo nu,
até à ruptura líquida do desejo.
E todas as mulheres
o adoptaram como filho.
Graça Pires, Poemas,
Vega, 1990.