terça-feira, fevereiro 10, 2004
vestígios de ontem*
Conversa com a pedra
[...]
– Se não acreditas em mim – diz a pedra –
vai ter com a folha, dir-te-á o mesmo.
Com a gota de água e o mesmo te dirá.
Pergunta por fim a um cabelo da tua própria cabeça.
Estou prestes a rir às gargalhadas
de rir como a minha natureza me impede de rir.
Bato à porta da pedra.
– Abre. Sou eu.
– Não tenho porta – diz a pedra.
Wislawa Szymborska, Paisagem com Grão de Areia,
Relógio d'Água, 1998.
Conversa com a pedra
[...]
– Se não acreditas em mim – diz a pedra –
vai ter com a folha, dir-te-á o mesmo.
Com a gota de água e o mesmo te dirá.
Pergunta por fim a um cabelo da tua própria cabeça.
Estou prestes a rir às gargalhadas
de rir como a minha natureza me impede de rir.
Bato à porta da pedra.
– Abre. Sou eu.
– Não tenho porta – diz a pedra.
Wislawa Szymborska, Paisagem com Grão de Areia,
Relógio d'Água, 1998.