segunda-feira, fevereiro 16, 2004
a voz de um poeta não oculta outra voz*
tens as mãos muito frias
e a água corta-as
como lâmina fina
para ver ao microscópio,
tens as mãos muito brancas,
linho cru,
e a água como fios
não sentes as mãos
mas que importa?
deixaste-as nas armadilhas
e o lince,
em troca,
deu-te os olhos,
sabes que a lepra
não é uma doença dos nossos dias
Ana Paula Inácio, Vago Pressentimento Azul Por Cima,
Ilhas, 2000.
tens as mãos muito frias
e a água corta-as
como lâmina fina
para ver ao microscópio,
tens as mãos muito brancas,
linho cru,
e a água como fios
não sentes as mãos
mas que importa?
deixaste-as nas armadilhas
e o lince,
em troca,
deu-te os olhos,
sabes que a lepra
não é uma doença dos nossos dias
Ana Paula Inácio, Vago Pressentimento Azul Por Cima,
Ilhas, 2000.