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quarta-feira, março 24, 2004

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chora o mal e o medo todo. o desgosto entornado na lágrima, no ranho, no cuspo— digo, chora baba e ranho. o desgosto refeito na dor a passo renovada. com ou sem véus negros, com ou sem lenços brancos encharcados. com ou sem a visita a cada quinze dias. com ou sem filho morto— às vezes, parece que as mulheres todas choram crias perdidas. com ou sem dentes rangendo na placa mal ajustada na boca ferindo as gengivas, ou não. chora as mãos que perderam o rasto, o rosto, o rasto do rosto e que, hoje, se cobrem alguma coisa, é a incerteza de algo ainda belo— tantos os perigos da beleza na representação da dor. com ou sem grito abafado— cada mulher carregando um enlutado ai de parto.
chora e descansa. deixa estar que é só terra, deixa estar que é só mais a cal. descansa.


cláudia caetano

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