domingo, março 14, 2004
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Um dia não muito longe não muito perto*, tudo vai terminar assim. O ar que respiro não fará mais sentido: as palavras vão cair ao chão como frutos fatigados e, também como previsto, não se levantará poeira ainda que a terra esteja seca porque durante mais de mil anos foi de sede que padeci. Alguém se lembrará de me fazer respiração boca-a-boca, para que os pulmões não me sucumbam na árdua tarefa de ampararem o coração, mas o ar circulará como entrou, tão frio e puro como os meus lábios entreabertos: ninguém confunde pedras com o silêncio ou a respiração assistida** com um beijo. Um dia não muito longe não muito perto, ficar-me-ão só os gestos e as sombras e morrerei de realidade.
* verso de Ruy Belo.
** recordando Fernando Assis Pacheco.
Um dia não muito longe não muito perto*, tudo vai terminar assim. O ar que respiro não fará mais sentido: as palavras vão cair ao chão como frutos fatigados e, também como previsto, não se levantará poeira ainda que a terra esteja seca porque durante mais de mil anos foi de sede que padeci. Alguém se lembrará de me fazer respiração boca-a-boca, para que os pulmões não me sucumbam na árdua tarefa de ampararem o coração, mas o ar circulará como entrou, tão frio e puro como os meus lábios entreabertos: ninguém confunde pedras com o silêncio ou a respiração assistida** com um beijo. Um dia não muito longe não muito perto, ficar-me-ão só os gestos e as sombras e morrerei de realidade.
* verso de Ruy Belo.
** recordando Fernando Assis Pacheco.