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domingo, março 28, 2004

cinco poemas para sustentar a tarde #5*

Dentro das minhas mãos é, agora, madrugada.
Corto o pulso ao poema. Invento a rima.
Dou à paixão uma forma feminina.
A morna intriga do tempo paira
sobre os meus passos. E contorno,
nos lábios, palavras tão lentas
como veleiros presos ao silêncio.

É pela noite, quando as madressilvas
adejam, perfumadas sobre emboscados
silêncios, que posso imaginar o teu regresso.

Graça Pires, Uma certa forma de errância,
Ed. Ausência, 2003.

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