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segunda-feira, março 08, 2004

do frio*

Tenho frio junto aos mananciais. Subi até cansar
o coração.

Há erva negra nas ladeiras e açucenas roxas entre
sombras, mas, - que faço diante do abismo?

Sob as águias* silenciosas, a imensidão carece de sig-
nificado.

[p. 9]

Pássaros. Atravessam chuvas e países no erros dos
ímanes e dos ventos, pássaros que voavam entre a ira
e a luz.

Voltam incompreensíveis sob leis de vertigem e de
esquecimento.

[p. 61]

Antonio Gamoneda, Livro do Frio,
Assírio & Alvim, 1999, Trad. de José Bento.


*Por duas ou três vezes, li «águas». Talvez por fazer todo e o mesmo sentido.

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