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segunda-feira, março 15, 2004

imagias #15


Giorgio Morandi, Natureza Morta, 1956

Ondas de sangue adormecem
solitárias, nocturnas, imprecisas

As veias são assim, na tela clara
das naturezas mortas

As tuas mãos, pausadamente
contam o tempo
da gestação dos frutos
e desvendam-nos coisas nos sentidos

Uma aqui, outra ali

E depois nós olhamos
a árvore, a catedral, o rio imóvel

O copo e a maçã erguem melhor
o firmamento, a luz sobre as cadeiras
- são o retrato
das diferentes imagens invisíveis
animais, vegetais e minerais

Um ruído lá fora

Um pequeno barulho pouco a pouco desfeito.

Nicolau Saião

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