segunda-feira, março 15, 2004
restos de uma manhã na escola, ao contrário do que é habitual às segundas*
valter hugo mãe, assim mesmo, sem maiúsculas, esteve hoje na minha escola e eu, que quase não lhe conheço a escrita, fui ouvi-lo, mesmo em segunda de Arquivo até porque amanhã é terça. valter hugo mãe porque num almoço com amigos um anjo (quase) lhe soprou ao ouvido o "mãe" e isso era infazível e ele quis fazê-lo; ele, poeta "claro-escuro", de estados duais, dos poemas voltados um para o outro nas extremidades das páginas, como espelhos, porque cada poema nasce do poema (ou dos poemas) anterior e um livro reflecte um estado de espírito, um livro é como um lugar ou tem um fio invisível que lhe percorre as páginas como se fosse uma narrativa mas não o é. valter hugo mãe porque nenhuma letra deve erguer-se sobre as outras letras, disse-o outro poeta (ruy belo**) e ele quis deixar ao leitor essa liberdade de tornar cada ou nenhuma palavra mais importante do que as outras; ele que fica muito aflito quando um poema lhe surge a meio de reuniões inadiáveis e a única solução é conceder à poesia aquilo que se concede a uma necessidade vital e pedir licença porque o tempo urge; ele que escreve poesia porque isso lhe é algo de incontornável como ter um nariz grande ou um nariz pequeno, ainda que agora prefira certos confortos para o acto da escrita, os blocos novos e as canetas que não falhem. valter hugo mãe que se tivesse de escolher o melhor poema do mundo quase sempre escolheria um de herberto hélder; ele que disse aos miúdos que Camões é sempre actual e que nunca falha junto das meninas e que palavras como frigorífico ou internet não lhe entram nos poemas porque são demasiado efémeras e não se entendem com a eternidade. valter hugo mãe que lhe deu para escrever um livro amoroso para a adriana calcanhotto e que finalizou a palestra como uma menina sobre os telhados porque eu vou derramar nos seus planos o resto da minha alegria*. gostei do que ouvi.
ah!, esquecia-me: valter hugo mãe que também falou de blogs e que em quase todos os blogs há poesia.
* verso de Adriana Calcanhotto.
** onde se lia "talvez herberto hélder", deve ler-se (como já se lê) ruy belo. e a responsabilidade é da minha falta de memória.
valter hugo mãe, assim mesmo, sem maiúsculas, esteve hoje na minha escola e eu, que quase não lhe conheço a escrita, fui ouvi-lo, mesmo em segunda de Arquivo até porque amanhã é terça. valter hugo mãe porque num almoço com amigos um anjo (quase) lhe soprou ao ouvido o "mãe" e isso era infazível e ele quis fazê-lo; ele, poeta "claro-escuro", de estados duais, dos poemas voltados um para o outro nas extremidades das páginas, como espelhos, porque cada poema nasce do poema (ou dos poemas) anterior e um livro reflecte um estado de espírito, um livro é como um lugar ou tem um fio invisível que lhe percorre as páginas como se fosse uma narrativa mas não o é. valter hugo mãe porque nenhuma letra deve erguer-se sobre as outras letras, disse-o outro poeta (ruy belo**) e ele quis deixar ao leitor essa liberdade de tornar cada ou nenhuma palavra mais importante do que as outras; ele que fica muito aflito quando um poema lhe surge a meio de reuniões inadiáveis e a única solução é conceder à poesia aquilo que se concede a uma necessidade vital e pedir licença porque o tempo urge; ele que escreve poesia porque isso lhe é algo de incontornável como ter um nariz grande ou um nariz pequeno, ainda que agora prefira certos confortos para o acto da escrita, os blocos novos e as canetas que não falhem. valter hugo mãe que se tivesse de escolher o melhor poema do mundo quase sempre escolheria um de herberto hélder; ele que disse aos miúdos que Camões é sempre actual e que nunca falha junto das meninas e que palavras como frigorífico ou internet não lhe entram nos poemas porque são demasiado efémeras e não se entendem com a eternidade. valter hugo mãe que lhe deu para escrever um livro amoroso para a adriana calcanhotto e que finalizou a palestra como uma menina sobre os telhados porque eu vou derramar nos seus planos o resto da minha alegria*. gostei do que ouvi.
ah!, esquecia-me: valter hugo mãe que também falou de blogs e que em quase todos os blogs há poesia.
* verso de Adriana Calcanhotto.
** onde se lia "talvez herberto hélder", deve ler-se (como já se lê) ruy belo. e a responsabilidade é da minha falta de memória.