quinta-feira, abril 22, 2004
Abril #22*
Mais uma vez se comemora Abril, mas sob auspícios absolutamente inquietantes tanto a nível civil, quotidiano e sem ouropéis, como a nível das chamadas forças vivas e que se traduzem, na estrutura da Nação, pelos perfis das mais altas encarnações do Estado. Assim, por exemplo, o poder judicial está hoje completamente desqualificado, é uma instância eticamente desprestigiada onde se exercem, de acordo com relatos dos media, ignominiosas parcialidades e um desleixo inqualificável, mau grado o esforço de próceres seus – onde se contam magistrados dignos e juristas operosos, não esquecendo os trabalhadores que o quantificam a nível do labor prático – cuja acção não é contudo de molde a inflectir ou erradicar decisivamente a maleita.
Nesta perspectiva, tal como já tive ensejo de o fazer anteriormente, digo que é preciso, é imprescindível que o povo, por sua acção in loco ou mediante os seus representantes directos, desmantele e revivifique este sector, que é hoje por hoje o cancro que está a destruir a Democracia que o 25 de Abril instaurou.
Depois, no campo da política prática, é necessário acentuar que existem não eleitos cujo poder se sobrepõe aos que o povo escolheu: argentários poderosos que tripudiam sobre o corpo do País; gente colocada em lugares chave que exorbita e abusa do poder indefinido que lhe foi conferido; membros de forças de segurança que tratam o cidadão com uma inqualificável arrogância, servindo-se do estatuto próprio para estabelecerem confusos tratos onde avulta o desprezo pelos direitos do homem comum.
No sector da governação, há autarcas que deitam às urtigas os mais simples deveres e obrigações que conformam uma inter-relação democrática com os alvos da sua acção, ou ministros que deliberadamente faltam à verdade civil através de actos de extracção canhestra, traço a grosso de uma comodidade que não condiz com a democracia. Ou se anulam – para se elevarem ardilosamente.
As Forças Armadas, que devem ser o garante da independência nacional, vêem-se por seu turno sustidas em limites estreitos, como se fossem algo que há que nivelar por baixo e colocar sob a tutela de virtuais comissários.
Não há portanto muitas razões para, nesta data que ajudámos a existir, nos felicitarmos pelo estado da Nação. Que no entanto está ligada, por convénios livremente assinados e garantidos amplamente, às demais nações que com ela estruturam um bloco e uma rota.
Abril adormecido…
Mais lhe chamaria Abril que, ferido por desvigamentos intoleráveis, há que vivificar e recolocar sob a égide da dignidade - da verdadeira dignidade e da esperança.
Pois a tudo isso temos direito. Porque é isso que de facto poderá configurar o nosso rosto inteiro e lídimo de portugueses.
Nicolau Saião
Mais uma vez se comemora Abril, mas sob auspícios absolutamente inquietantes tanto a nível civil, quotidiano e sem ouropéis, como a nível das chamadas forças vivas e que se traduzem, na estrutura da Nação, pelos perfis das mais altas encarnações do Estado. Assim, por exemplo, o poder judicial está hoje completamente desqualificado, é uma instância eticamente desprestigiada onde se exercem, de acordo com relatos dos media, ignominiosas parcialidades e um desleixo inqualificável, mau grado o esforço de próceres seus – onde se contam magistrados dignos e juristas operosos, não esquecendo os trabalhadores que o quantificam a nível do labor prático – cuja acção não é contudo de molde a inflectir ou erradicar decisivamente a maleita.
Nesta perspectiva, tal como já tive ensejo de o fazer anteriormente, digo que é preciso, é imprescindível que o povo, por sua acção in loco ou mediante os seus representantes directos, desmantele e revivifique este sector, que é hoje por hoje o cancro que está a destruir a Democracia que o 25 de Abril instaurou.
Depois, no campo da política prática, é necessário acentuar que existem não eleitos cujo poder se sobrepõe aos que o povo escolheu: argentários poderosos que tripudiam sobre o corpo do País; gente colocada em lugares chave que exorbita e abusa do poder indefinido que lhe foi conferido; membros de forças de segurança que tratam o cidadão com uma inqualificável arrogância, servindo-se do estatuto próprio para estabelecerem confusos tratos onde avulta o desprezo pelos direitos do homem comum.
No sector da governação, há autarcas que deitam às urtigas os mais simples deveres e obrigações que conformam uma inter-relação democrática com os alvos da sua acção, ou ministros que deliberadamente faltam à verdade civil através de actos de extracção canhestra, traço a grosso de uma comodidade que não condiz com a democracia. Ou se anulam – para se elevarem ardilosamente.
As Forças Armadas, que devem ser o garante da independência nacional, vêem-se por seu turno sustidas em limites estreitos, como se fossem algo que há que nivelar por baixo e colocar sob a tutela de virtuais comissários.
Não há portanto muitas razões para, nesta data que ajudámos a existir, nos felicitarmos pelo estado da Nação. Que no entanto está ligada, por convénios livremente assinados e garantidos amplamente, às demais nações que com ela estruturam um bloco e uma rota.
Abril adormecido…
Mais lhe chamaria Abril que, ferido por desvigamentos intoleráveis, há que vivificar e recolocar sob a égide da dignidade - da verdadeira dignidade e da esperança.
Pois a tudo isso temos direito. Porque é isso que de facto poderá configurar o nosso rosto inteiro e lídimo de portugueses.
Nicolau Saião