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segunda-feira, abril 26, 2004

A quatro tempos*

4.

O início e o fim. Observar como o horizonte se transforma em corda lassa e os nomes perdem a tensão das formas e cavalgam como monstros que hão-de vir segurar a noite da solidão possível e impossível. Adivinhar nas sombras que crescem que tombam que se abrem que também os deuses murcham e que as casas agora assim silenciosas não são desfechos só despojos só destroços do que não tem começo nem fim.

Ficaram para trás as mesmas cerejeiras sem flores e o cartaz sobre um cão perdido. A mulher tardou em alisar o vestido, voltou o rosto na direcção do caminho e estremeceu. Fez tudo isto como se movimentam as palavras quando envelhecem. Só depois apoiou os pés sobre o pó da terra como se antes estivesse com os pés noutro lugar.

– Contudo, sob os tempos inexistentes continuarão a erguer-se distâncias sempre próximas da sede do éter do silêncio do amor e no rasto das nascentes que não soubemos encontrar a morte será ainda mais bela e de mim se aproximará um homem que veio de muito longe para me dizer:

Sandra Costa

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