quinta-feira, maio 27, 2004
Feira do Livro #3*
O Silêncio
O silêncio
acumula-se sobre o Livro
e é, de facto irrelevante a celebração
do pó.
...........
O corpo e a Primavera
Ouço
o corpo
da Primavera.
Na brisa
segura macias flores.
Dir-se-ia o delicioso rubor
dos seios.
Não sei se surgindo
da vergonha
de alguns botões ainda
por abrir.
Terno enredo
o de escutá-lo no sobressalto e despontar
do sexo: sentado
conserva os joelhos apertados
contra o queixo,
furtando-o
a invisíveis e furiosas
abelhas.
Talvez por medo
de que o mel desabe
e o tempo tenha de acolher-se,
abrasado de cio,
na delícia e destreza
de uma ingenuidade em absoluto
efémera.
De que as rosas
breve
percam o engano e o frescor
da voz.
Deixemo-lo, pois, entregue
ao claro som e asseio
do seu respirar.
Eduarda Chiote, A Celebração do Pó, Asa, 2001.
O Silêncio
O silêncio
acumula-se sobre o Livro
e é, de facto irrelevante a celebração
do pó.
...........
O corpo e a Primavera
Ouço
o corpo
da Primavera.
Na brisa
segura macias flores.
Dir-se-ia o delicioso rubor
dos seios.
Não sei se surgindo
da vergonha
de alguns botões ainda
por abrir.
Terno enredo
o de escutá-lo no sobressalto e despontar
do sexo: sentado
conserva os joelhos apertados
contra o queixo,
furtando-o
a invisíveis e furiosas
abelhas.
Talvez por medo
de que o mel desabe
e o tempo tenha de acolher-se,
abrasado de cio,
na delícia e destreza
de uma ingenuidade em absoluto
efémera.
De que as rosas
breve
percam o engano e o frescor
da voz.
Deixemo-lo, pois, entregue
ao claro som e asseio
do seu respirar.
Eduarda Chiote, A Celebração do Pó, Asa, 2001.