<$BlogRSDUrl$>

sexta-feira, junho 18, 2004

Ao Francisco J. Viegas,*

pelo Aviz, com atraso:

Prefácio

Assim é que elas foram feitas (todas as coisas) –
sem nome.
Depois é que veio a harpa e a fêmea em pé.
Insetos errados de cor caíam no mar.
A voz se estendeu na direção da boca.
Caranguejos apertavam mangues.
Vendo que havia na terra
       dependimentos demais
E tarefas muitas -
os homens começaram a roer unhas.
Ficou certo pois não
Que as moscas iriam iluminar
       o silêncio das coisas anônimas.
Porém, vendo o Homem
que as moscas não davam conta de iluminar
o silêncio das coisas anônimas -
passaram essa tarefa para os poetas.


Manoel de Barros, Concerto a Céu Aberto para Solos de Ave,
Record, 1998.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?