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terça-feira, junho 22, 2004

"Eliot na alex..":*



rezava assim a mensagem enviada. Depois?... Depois
foram 30 minutos entre a voz dela e a voz dele e que
acabaram assim (fazer um fim é fazer um começo):


V

O que chamamos o começo é muitas vezes o fim
E fazer um fim é fazer um começo.
O fim é de onde nós partimos. E toda a locução
E frase que está certa (onde toda a palavra está em casa
E toma o seu lugar em apoio das outras,
A palavra nem hesitante nem aparatosa,
Um relação fácil do velho com o novo,
A palavra comum exacta sem vulgaridade,
A palavra formal precisa mas não pedane,
A inteira companhia a dançar a compasso)
Toda a locução e frase é um fim e um começo,
Todo o poema um epitáfio. E qualquer acto
é um passo para o cepo, para o fogo, pela garganta do mar abaixo,
Ou para uma pedra ilegível: e é daí que partimos.
Morremos com os moribundos:
Vê, eles partem e nós vamos com eles.
Nós nascemos com os mortos:
Vê, eles regressam e trazem-nos com eles.
O momento da rosa e o momento do teixo
Têm igual duração. Um povo sem história
Não está redimido do tempo, pois a história é um padrão
De momentos sem tempo. Assim, enquanto a luz se extingue
Numa tarde de Inverno, numa capela isolada
A história é agora e a Inglaterra.
Com a atracção deste Amor e a voz deste Chamamento

Não desistiremos de explorar
E o fim de toda a nossa exploração
Será chegarmos ao lugar de onde partimos
E conhecer o lugar pela primeira vez.
Através do portão desconhecido e lembrado
Quando o último confim da terra por descobrir
For o lugar que foi o começo;
Na nascente do rio mais longo
A voz da oculta queda-d'água
E as crianças na macieira
Desconhecidas, porque não procuradas
Mas ouvidas, meio-ouvidas, na quietação
Entre duas ondas do mar.
Depressa agora, aqui, agora, sempre -
Uma condição de completa simplicidade
(Que não custa menos do que tudo)
E tudo há-de ficar bem e
Toda a espécie de coisa há-de ficar bem
Quando as línguas de fogo refluírem
Para o coroado nó de fogo
E o fogo e a rosa forem um.

T. S. Eliot, Quatro Quartetos, Relógio D'Água, 2004,
Trad. e Introd. de Gualter Cunha.

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