segunda-feira, julho 12, 2004
Es la mañana llena de tempestad en el corazón del verano #1.2
Posso escrever os versos mais tristes esta noite*
Mesmo que seja dia ou tarde quente ou manhã clara
E fresca como um ramo de açucenas.
Posso escrever por exemplo: além no muro o gato que lá dormia já não dorme
Porque o feriu o tempo
E o silêncio da madrugada mortal. Posso escrever cadeira
Ou esta porta ou as árvores que se fecham como corolas de estambre
Ou ainda um muro à espera dos teus sonhos escritos.
Posso escrever eis aqui o meu coração apagado
A minha rótula ferida
A minha mão sem nada.
Posso escrever todos os versos de amargura
Todas as insónias desesperadas
Ou a serenidade dum quarto na noite à hora do lobo.
E posso escrever tudo isso
Posso escrever com tudo isso
Posso escrever por tudo isso
Porque hoje não ouvi ainda a tua voz
Mesmo que ao longe que de longe
Como um sussurro que se propaga no espaço
E chega ao meu ouvido como um som de flauta ou de um tambor num jardim.
Nicolau Saião
* Verso de Pablo Neruda.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite*
Mesmo que seja dia ou tarde quente ou manhã clara
E fresca como um ramo de açucenas.
Posso escrever por exemplo: além no muro o gato que lá dormia já não dorme
Porque o feriu o tempo
E o silêncio da madrugada mortal. Posso escrever cadeira
Ou esta porta ou as árvores que se fecham como corolas de estambre
Ou ainda um muro à espera dos teus sonhos escritos.
Posso escrever eis aqui o meu coração apagado
A minha rótula ferida
A minha mão sem nada.
Posso escrever todos os versos de amargura
Todas as insónias desesperadas
Ou a serenidade dum quarto na noite à hora do lobo.
E posso escrever tudo isso
Posso escrever com tudo isso
Posso escrever por tudo isso
Porque hoje não ouvi ainda a tua voz
Mesmo que ao longe que de longe
Como um sussurro que se propaga no espaço
E chega ao meu ouvido como um som de flauta ou de um tambor num jardim.
Nicolau Saião
* Verso de Pablo Neruda.