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quarta-feira, agosto 25, 2004

do tempo das cerejas*

Debaixo de uma cerejeira
tudo é servido
decorado com flores.


Bashô


Chegou, hoje, pelo correio, um livro do tempo das cerejas. Dele, escolho, propositadamente, este poema:

As estações de Bashô

Tudo o que caminha
muda de nome.
Bashô é agora Bashô.

As árvores tomam o nome
das suas folhas. Em cada ramo
o canto dos animais
vai tecendo o verde.

Os nomes adoçam
quando pende o fruto.
As cerejas dão sombra na boca
que saboreia a sede.

Espalhado no chão
o nome das árvores
ao sabor do vento
na língua do crepúsculo.
A espuma do ar
sobre o ramo nu
onde o nome
não encontra pouso.

Bashô entra em Bashô.
Logo dará o seu nome
a outro caminhante.


Rosa Alice Branco

E como os posts, por vezes, também são como as cerejas, mesmo quando nos aproximamos de Setembro:

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