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domingo, agosto 29, 2004

para mais um regresso:*

As ondas são as profundas vagas do Atlântico. O
convés está invadido de água. Não tenho uma noção
clara do que seja viagem ou aventura. O barco
parece imóvel
sujeito à coluna de água que parece equilibrá-lo na
lonjura das duas ilhas - Flores e Corvo. Pontos
fixos no horizonte, a visível montanha mantém-se e
logo afunda
a um e outro lado. O barco, plataforma de ferro e
madeira emoldurada por um círculo varrido de vento,
de aves, água e vento.
Frio e cinzento o abismo move-se e não se
altera. Dizem que para viajar é preciso ter um lar
de onde sair e ao qual se pode regressar. Um ilha,
outra ilha; também me disseram que, entre elas, se
comprova a imortalidade espiritual de deus.


João Miguel Fernandes Jorge, Bellis Azorica,
Relógio d'Água, 1999.

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