segunda-feira, setembro 27, 2004
imagias #26
João Leitão, Porta (Bukhara—Uzbequistão, Jul/2004)
à noite o comprimido— seroxats adts xanaxs prozacs—
coisa semelhante ao pequenino que tomavas em
criança logo pela manhã
nos dias de visita de estudo— não nos vá a
criatura vomitar no autocarro— o fedor a gasóleo os nervos embrulhados no
pequeno-almoço—
o medo de ir
à noite para que no dia seguinte te levantes
e não vomites ou chores para que mimar mais um dia
não te traga ao estômago os nervos da partida e
toleres o fedor dos outros—
a solidão a compasso
à noite com um copo de água e os olhos fechados
para que os sonhos se misturem pesados e inócuos antes
da chegada dos monstros— antes chegavam logo
e acompanhavam-te ainda durante o intervalo para café—
das torturas nocturnas dos tremores da exaustão—
o escuro por dentro
à noite pela garganta abaixo como quem se engole—
é-se tanto que urge anular-se um pouco—
como quem se permite continuar
era uma porta muito azul e alguém disse
.....‘toda a liberdade para tudo quanto queiras
.....só não poderás ver o que está para lá da porta’
— querias acreditar que por trás um mar
um céu
a razão de ser azul tanto a não poder transpor
à noite para que se dissimule isso que te viu do outro lado
ou para que acredites que és livre de o não tomar— houvesse
um molde numa forja distante com o teu regresso em preparação
cláudia caetano
João Leitão, Porta (Bukhara—Uzbequistão, Jul/2004)
à noite o comprimido— seroxats adts xanaxs prozacs—
coisa semelhante ao pequenino que tomavas em
criança logo pela manhã
nos dias de visita de estudo— não nos vá a
criatura vomitar no autocarro— o fedor a gasóleo os nervos embrulhados no
pequeno-almoço—
o medo de ir
à noite para que no dia seguinte te levantes
e não vomites ou chores para que mimar mais um dia
não te traga ao estômago os nervos da partida e
toleres o fedor dos outros—
a solidão a compasso
à noite com um copo de água e os olhos fechados
para que os sonhos se misturem pesados e inócuos antes
da chegada dos monstros— antes chegavam logo
e acompanhavam-te ainda durante o intervalo para café—
das torturas nocturnas dos tremores da exaustão—
o escuro por dentro
à noite pela garganta abaixo como quem se engole—
é-se tanto que urge anular-se um pouco—
como quem se permite continuar
era uma porta muito azul e alguém disse
.....‘toda a liberdade para tudo quanto queiras
.....só não poderás ver o que está para lá da porta’
— querias acreditar que por trás um mar
um céu
a razão de ser azul tanto a não poder transpor
à noite para que se dissimule isso que te viu do outro lado
ou para que acredites que és livre de o não tomar— houvesse
um molde numa forja distante com o teu regresso em preparação
cláudia caetano