quinta-feira, setembro 23, 2004
Esta noite sonhei com uma árvore que pertence a um dos jardins do Porto - a Ginkgo do Jardim das Virtudes. Não sonhei propriamente com esta árvore tal como ela é, porque nunca a vi de perto sequer e só muito rapidamente em fotografias aqui, mas com uma imagem qualquer que criei sobre este local quando há dias mo descreveram assim: é um lugar com muita história, e não há lá nada que a recorde; muita relva, poucas árvores, nenhumas flores. Mas aqueles socalcos formam um cenário intemporal, um lugar de recolhimento e contemplação quase inacreditável no centro da cidade. E não te esqueças de te pôr debaixo da Ginkgo e levantar os olhos para a copa. E não é que sonhei mesmo com isto tudo? Era um lugar muito verde, um socalco largo e imenso - diferente dos das Virtudes - sem nada mais à volta, só o verde e aquela árvore enorme e frondosa ali no meio, com um halo veladamente azul, como uma réstea de nevoeiro, em torno da copa ainda verde também. Não estava sozinha quando vi a árvore pela primeira vez, ia comigo a J. como quando fui cheirar as camélias sazanka, mas a sensação foi de uma plenitude de ser - quase como uma solidão - no e contra o mundo. Não sei explicar melhor. Acho que corri para a árvore e lá fiquei por um bocado, debaixo da copa, a olhar o céu azul entres as folhas.
[Será do Outono?]