sexta-feira, março 25, 2005
coisas desnecessárias, inúteis e patetas #5*
como o ofício de escrever:
[...]Várias vezes tenho pensado, num exercício ficcional pouco mais do que inútil, na evolução que teria sofrido a prosa de Pavese se ele tivesse entrado na segunda metade do século, se ele tivesse atravessado as décadas de cinquenta e de sessenta, essas em que a crise das formas e a renovação da linguagem foram questões determinantes. Nada disso era alheio ao autor de La Luna e i Falò, que, ao longo das quase 400 páginas do seu diário, oscila entre a introspecção e a análise literária, por vezes de cariz fragmentário. [...] Se O Ofício de Viver é um dos livros preferidos do protagonista de um romance de Thomas Bernhard, isso deve‑se, em grande parte, ao intenso questionamento existencial que atravessa todo o livro, sempre com o presente em fundo, a dar o tom à angústia de viver. Por isso, no dia 1 de Julho de 1947, Pavese pôde escrever assim: «Em suma, porque se deseja ser grande, ser génio criador? Para a posteridade? Não. Para circular no meio da multidão e ser apontado? Não. Para apoiar a fadiga quotidiana na certeza de que tudo o que fazemos vale a pena, é algo de único. Por hoje, não pela eternidade» (p. 231).
João Paulo Sousa
[Texto completo aqui.]
como o ofício de escrever:
[...]Várias vezes tenho pensado, num exercício ficcional pouco mais do que inútil, na evolução que teria sofrido a prosa de Pavese se ele tivesse entrado na segunda metade do século, se ele tivesse atravessado as décadas de cinquenta e de sessenta, essas em que a crise das formas e a renovação da linguagem foram questões determinantes. Nada disso era alheio ao autor de La Luna e i Falò, que, ao longo das quase 400 páginas do seu diário, oscila entre a introspecção e a análise literária, por vezes de cariz fragmentário. [...] Se O Ofício de Viver é um dos livros preferidos do protagonista de um romance de Thomas Bernhard, isso deve‑se, em grande parte, ao intenso questionamento existencial que atravessa todo o livro, sempre com o presente em fundo, a dar o tom à angústia de viver. Por isso, no dia 1 de Julho de 1947, Pavese pôde escrever assim: «Em suma, porque se deseja ser grande, ser génio criador? Para a posteridade? Não. Para circular no meio da multidão e ser apontado? Não. Para apoiar a fadiga quotidiana na certeza de que tudo o que fazemos vale a pena, é algo de único. Por hoje, não pela eternidade» (p. 231).
João Paulo Sousa
[Texto completo aqui.]