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sábado, outubro 22, 2005

comentário aos Sinais da Educação # 1*

« [...] Na minha curta "carreira" de professora (doze anos de ensino/seis escolas) nunca vi nem senti tanto desânimo, frustração, cansaço, desgaste, tristeza, revolta como neste primeiro mês de aulas. Como refere o meu Presidente do Conselho Executivo, em Outubro os professores estão já com "cara de Julho" e não foi porque estavam mal habituados - como se pode exigir que os professores passem mais horas nas escolas se não existem condições para desenvolvermos o trabalho que fazemos em casa? Aliás, mesmo que tivéssemos condições, as "TE" agora implementadas nem sequer podem ser passadas com esse tipo de trabalhos porque se não temos projectos/clubes somos chamados para as substituições do Básico. Como preparo eu, nas 7 horas de trabalho individual que fazem parte da minha componente não lectiva de um horário de 35 horas, três níveis de ensino - 7.º, 9.º e 12.º ano - e a área de Formação Cívica e Área de Projecto; investigo para me preparar cientificamente para o novo programa de 12.º ano; elaboro fichas e outros materiais de avaliação; corrijo cinco turmas de testes; corrijo todas as semanas alguns trabalhos de casa dos alunos porque como a disciplina de História ficou reduzida a um bloco semanal, os alunos têm de levar uma pequena tarefa semanalmente para casa senão esquecem que História existe no horário; preparar caracterizações de alunos das necessidades educativas especiais, correspondentes adaptações curriculares; etc, etc, etc??... E perante este panorama ouvir constantemente, começando pelo Presidente da República e pela Ministra da Educação até aos comentadores dos blogs, que os professores há muito se deviam comportar como qualquer trabalhador! O que está a dar cabo disto tudo é isso mesmo - é penalizar-se toda uma massa humana de excelentes profissionais por causa de uma percentagem que seria perfeitamente localizável e “eliminada” do sistema - bastaria o Ministério querer - de maus profissionais (que aqui existem como em todas as profissões). Ainda hoje ouvi uma colega - depois de ter lido a referida entrevista da Ministra da Educação onde esta afirma que os professores faltam muito porque a maioria são mulheres e estas são mães, logo têm de faltar mais vezes por causa dos filhos – afirmar que jamais deixará os filhos em casa doentes entregues a outrem porque à conta da sua excelência profissional e não ter faltado quando estes estavam doentes, um dos seus miúdos já tinha ido parar ao hospital com enquistamento do inchaço da papeira… Imagina pois como nos sentimos quando ouvimos algumas destas barbaridades? Venha outra avaliação de desempenho, sempre me senti injustiçada por esta!, mas porque é que enquanto essa outra não existe nós somos penalizados??? O trabalho da Ministra da Educação nas duas primeiras áreas que refere até pode ser excelente, não o posso avaliar, mas está inquinado por todo este ambiente criado. [...]»

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