sábado, outubro 22, 2005
comentário aos Sinais da Educação # 2*
« [...] os resultados que vemos todos os anos são exclusivamente «o produto da "massa humana de excelentes profissionais"» que temos nas escolas? Os professores são o único factor propiciador destes resultados? As condições nas escolas, a estruturação dos programas, as sucessivas reformas de políticas educativas, a desvalorização da cultura e da escola na nossa sociedade, as famílias – nada disto conta? Se o professor mais do que professor tem de ser psicólogo, assistente social, quase um substituto da família em tantos casos, porque é que a responsabilidade dos maus resultados é só dele? Os resultados não são para se repetir? Está muito enganado, infelizmente, vão-se repetir por tantos anos quantos permanecer esta ideia na sociedade portuguesa de que a escola sozinha resolve tudo – é só lá depositar os meninos – e de que o caminho do sucesso não passa pela exigência. Estou à vontade nestas questões de resultados, sabe?, eu que durante dez anos só dei aulas ao 3.º Ciclo, nos últimos dois anos leccionei História ao 12.º ano e fui sempre “uma professora de sucesso”, tive resultados bem acima da média nacional, mesmo numa turma de Ciências Humanas e Sociais, sem hábitos de leitura e sem o gosto pela cultura. Este ano tenho um novo desafio entre mãos e hei-de tentar obter os mesmos “resultados”.
Resultados? E ver quinze alunos dos 12 aos 17 anos a representar “A Gaivota” de Tchékov, o que é? Ou dois “deputados” da nossa escola a defender medidas legislativas no jogo do “Hemiciclo” a nível distrital? Os miúdos do sétimo ano a fotografar árvores, a sentir-lhes a textura dos troncos, a desenhar as suas folhas e a pedirem para tomarem conta de uma parte do jardim da escola que está mais abandonado e numa tarde livre virem para a escola para o reabilitarem? [...]»
A quem interessar, ler aqui a sequência de post/comentários na íntegra.
« [...] os resultados que vemos todos os anos são exclusivamente «o produto da "massa humana de excelentes profissionais"» que temos nas escolas? Os professores são o único factor propiciador destes resultados? As condições nas escolas, a estruturação dos programas, as sucessivas reformas de políticas educativas, a desvalorização da cultura e da escola na nossa sociedade, as famílias – nada disto conta? Se o professor mais do que professor tem de ser psicólogo, assistente social, quase um substituto da família em tantos casos, porque é que a responsabilidade dos maus resultados é só dele? Os resultados não são para se repetir? Está muito enganado, infelizmente, vão-se repetir por tantos anos quantos permanecer esta ideia na sociedade portuguesa de que a escola sozinha resolve tudo – é só lá depositar os meninos – e de que o caminho do sucesso não passa pela exigência. Estou à vontade nestas questões de resultados, sabe?, eu que durante dez anos só dei aulas ao 3.º Ciclo, nos últimos dois anos leccionei História ao 12.º ano e fui sempre “uma professora de sucesso”, tive resultados bem acima da média nacional, mesmo numa turma de Ciências Humanas e Sociais, sem hábitos de leitura e sem o gosto pela cultura. Este ano tenho um novo desafio entre mãos e hei-de tentar obter os mesmos “resultados”.
Resultados? E ver quinze alunos dos 12 aos 17 anos a representar “A Gaivota” de Tchékov, o que é? Ou dois “deputados” da nossa escola a defender medidas legislativas no jogo do “Hemiciclo” a nível distrital? Os miúdos do sétimo ano a fotografar árvores, a sentir-lhes a textura dos troncos, a desenhar as suas folhas e a pedirem para tomarem conta de uma parte do jardim da escola que está mais abandonado e numa tarde livre virem para a escola para o reabilitarem? [...]»
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