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domingo, outubro 16, 2005

a sunday poem #5*


Two Figures In Dense Violet Night

I had as lief be embraced by the porter at the hotel
As to get no more from the moonlight
Than your moist hand.

Be the voice of night and Florida in my ear.
Use dusky words and dusky images.
Darken your speech.

Speak, even, as if I did not hear you speaking,
But spoke for you perfectly in my thoughts,
Conceiving words,

As the night conceives the sea-sounds in silence,
And out of their droning sibilants makes
A serenade.

Say, puerile, that the buzzards crouch on the ridge-pole
And sleep with one eye watching the stars fall
Below Key West.

Say that the palms are clear in a total blue,
Are clear and are obscure; that it is night;
That the moon shines.

Wallace Stevens, de Harmonium | 1923




Duas figuras numa densa noite violeta

Tanto me agradava ser abraçado pelo porteiro no hotel
Como nada mais conseguir do luar
Do que a tua mão húmida.

Sê a voz da noite e Florida no meu ouvido.
Usa palavras sombrias e imagens sombrias.
Escurece o teu discurso.

Fala, ainda, como se eu não te tivesse ouvido falar,
Mas te falasse perfeitamente nos meus pensamentos,
Concebendo palavras,

Como a noite concebe os sons do mar em silêncio,
E dos seus zumbidos sibilantes faz
Uma serenata.

Diz, pueril, que os bútios se inclinam sobre as vigas do telhado
E dorme com um olho observando a queda das estrelas
Abaixo de Key West.

Diz que as palmeiras são claras num azul total absoluto1,
São claras e são obscuras; que é noite;
Que a lua brilha.


tradução de sandra costa





1 Aperfeiçoamento sugerido pelo poeta Nicolau Saião. Às vezes, não se vê o que está mesmo à frente dos olhos.

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