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sábado, agosto 04, 2007

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cresciam-lhe os dedos para fora das mãos, saíam delas, perdiam-se dele.
era uma coisa que não conseguia explicar nem perceber, nem se preocupava com isso, verdade seja dita. até porque isto dos dedos não era a única das estranhezas do seu corpo.
podia passar dias sem comer, sem que a fome o pertubasse, em algum momento ela viria e então saciava-se, sem prever quando voltaria a fazê-lo. o mesmo com o sono. o mesmo com a sede. o mesmo com a barba, que lhe tomava a cara de uma hora para a outra ou se sumia durante meses.
os dedos eram assim, desapareciam por tempos. iam em reconhecimentos distantes e regressavam com avisos dos caminhos a percorrer e traziam memórias dos rostos por beijar e por sofrer.
por isso, quando chegava a um sítio, ou se cruzava com alguém, olhava demoradamente para as mãos, para os dedos, roía unhas em segredos de conspiração. e perguntava-se, ou perguntava-lhes, aos dedos, é seguro olhar? queima?


cláudia caetano

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