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sábado, setembro 06, 2003

para deitar fora*

inventário sem sentido para criar uma infância comum

acordar no bolso esquerdo da casa
com uma pergunta dentro do aquário

porque cada pássaro acende uma manhã
surpreender a mesa no fundo do copo

bater a porta da rua com a pronúncia dos espelhos:
«se te digo que voo não me arranques os pés
de entre as nuvens!»

procurar um contador de histórias
porque era uma vez um cordão desapertado

e não ter medo de não encontrar o fim

não ter medo.

...?

os dias prometidos para R.*



contra os promontórios de Ítaca
embates os medos feres-te de regressos

mas sem que a noite acabe
antes que o mundo tudo absorva
crescem-te nas mãos os rostos dos deuses
com a sombra carbónica dos dias prometidos


Exposição : Os dias prometidos

Para a R. pela bela exposição que montou no Centro Cultural da Trofa. De 6 a 30 de Setembro, a visitar os dias prometidos.

sexta-feira, setembro 05, 2003

(§)*
forcei o corpo por subidas íngremes
sobre falhas de xisto
levada de uma saudade muito antiga e desesperada
que nenhum regresso suprirá

daqui do alto são meus todos os chaparros se só eu percebo o
abraço que me dedicam os troncos lançados em volta
e é minha toda a luz se a mim chega antes de chegar a qualquer
outro e se me toca como quem anuncia o lume


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nota: na passada quarta-feira voltei a monsaraz...


quinta-feira, setembro 04, 2003

alguns blogs por onde anda a poesia #6*

A Natureza do Mal
aqui não há poeta
Bem me quer**
Campo de Afectos
Canto de Ossanha**
cometas
incógnito qb**
Linha de Cabotagem
little black spot
Lugar da incerteza
Modus Vivendi
No Arame
O Incontornável**
Outro Lado da Lua
Palavras & Letras
Percepções do meu olhar**
rain song**
Ruialme

[**novidades]

a liberdade condicional*
que me prometi
ou mais uma «contribuição para a geografia cultural da blogosfera».

Os invisíveis, Ana Paula Inácio | Ao Luís.
Contos, vol. 1, Tchékhov | À Maria José Oliveira.
Estranha forma de vida, Enrique Vila-Matas | Ao Luís.
O Homem sentimental, Javier Marías | A várias 'famílias'.
Coração tão branco, Javier Marías
Enquanto elas dormem, Javier Marías

Daqui algo sairá.
Há também um inventário à espera.

terça-feira, setembro 02, 2003

shiuu*
"O valor das palavras na poesia é o de nos conduzirem ao ponto onde nos esquecemos delas.
O ponto onde nos esquecemos delas é onde nunca mais se pode ter repouso."


Natália Correia

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calarei por ti o rumor secreto
das facas dizendo sangue - rombas
e velhas rasgam mais do que cortam

nenhum dito permitirei aos sombrios
homens de pé virados para o mar - velhos
marejaram-se dos barcos fantasmas ao largo

das páginas dos livros lavrarei cada uma letra
cada ponto ou ví­rgula sementes daninhas - tomos
amordaçados em luminosas brancuras

prolongarei o sacrifício segredado das túlipas que vingaram
a morte do cachorro no canto interdito do quintal
e se deixares ou quiseres fecharei os olhos como quem corta
os lábios e a lí­ngua
para do mundo sentir apenas as impressões na pele e os ventos
e mares escondidos nos búzios

quando não tivermos como nomear o amor
ou a sua falta
algo arderá nas gargantas como anginas inflamadas
e purulentas
e da tua mão no meu rosto um suor riscando o pó
limpando a dor


segunda-feira, setembro 01, 2003

setembro*

retomo as vindimas ao primeiro verso
e é no cimo das escadas
- de avesso o chão -
que me desequilibro de infância
e o canivete faz sentido
no magoado cheiro das uvas


p.s. agradecendo ao Terras do Nunca.

dual #3

criar o início de setembro no poema
é pousar num resto de luz ainda aberta
os nomes que se dão ao mar quando já
o mar e os nomes se afastam

e no que guardo do desequilí­brio
no que me sei de embaraços afronto as tardes
como se estivesse entre as árvores pela primeira vez
aguardando um sol que me viesse morrer no colo

saberá então o chão que cubro o silêncio
com o caminhar austero sobre cascas mornas
e que o que crepita é setembro no fim do poema
as sombras num murmúrio de ontem

domingo, agosto 31, 2003

'*
pronto, fantástico, consegui apagar irremediavelmente um post. apaguei o poema que aqui estava e como n o registei em nenhum outro lado... acho que o matei. que desastre.
começava assim
"noites em que calor nenhum
abraço nenhum a
roubar-me à causa de estar só"

se por algum inusitado motivo alguém o guardou... bem a sandra sugere alvísseras, mas eu fico-me pela (e)terna gratidão, pode ser?


hoje, não há*
opções para a hora da salada de frutas. Por muito que me apetecesse encontrar um inventário para criar uma infância comum, o prenda minha de Caetano já roda e o trabalho tem de ficar pronto.

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