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sábado, julho 17, 2004

sonzinhos*



eles chamam-se jaga jazzist e têm coisas como isto e coisas como isto. não é por acaso que os apanhei na ninja, de lá também os cinematic orchestra, roots manuva... qualquer dia falamos de roots manuva.

sexta-feira, julho 16, 2004

dualidades mí­nimas #50

no mundo como o móvel manco
na casa recém-pintada
— inadequado— velho (n)o mundo


cláudia caetano

quinta-feira, julho 15, 2004

dualidades mí­nimas #49

a casca da árvore
é seca e rugosa
sob os dedos tristes


cláudia caetano

quarta-feira, julho 14, 2004

às vezes, abro os olhos*

"Quero o mínimo diálogo, a maior solidão e, aqui, sem ninguém, saber se as árvores continuam a falar dentro do fogo, do lixo e da morte."

não sei onde andava que não me dei conta deste blog. pior, estava aqui, não saio daqui. e depois esta aversão à mudança, à novidade. pode até nem parecer, mas sou uma pessoa muito conservadora. hoje, na voltinha ao quarteirão, tropecei (eu sei, eu sei, já ali estava listado há uma porrada de tempo) e meti o pé numa camada orgânica de solo fofo. fui ver, era húmus.

terça-feira, julho 13, 2004

Es la mañana llena de tempestad en el corazón del verano #1.5

É a manhã cheia de tempestade*
ou o corpo tenso na vigília do desejo

[ou a súbita força dos regressos
se me impedes – com a tua boca – de
reconhecer o Verão pelo nome dos frutos]

Sandra Costa


* Verso de Pablo Neruda.

segunda-feira, julho 12, 2004

Es la mañana llena de tempestad en el corazón del verano #1.4

é a manhã cheia de tempestade*
são os ventos levantados do mar

a rua deserta no remoinho de folhas e lixo

é o sangue que chega da idade
são os prantos da menina a soluçar

o mundo cheio de gente e ao fundo um bicho


cláudia caetano

* Verso de Pablo Neruda.

Es la mañana llena de tempestad en el corazón del verano #1.3

Saberás que não te amo e que te amo*
saberás dos meus passos vãos
dos meus ombros caídos
saberás dessa outra morte
que a tua partida descreve
que me doem os olhos
como dois sóis apagados.

Raquel Costa


* Verso de Pablo Neruda.

Es la mañana llena de tempestad en el corazón del verano #1.2

Posso escrever os versos mais tristes esta noite*
Mesmo que seja dia         ou tarde quente         ou manhã clara
E fresca como um ramo de açucenas.
Posso escrever por exemplo: além no muro o gato que lá dormia já não dorme
Porque o feriu o tempo
E o silêncio da madrugada mortal. Posso escrever cadeira
Ou esta porta ou as árvores que se fecham como corolas de estambre
Ou ainda um muro à espera dos teus sonhos escritos.
Posso escrever eis aqui o meu coração apagado
A minha rótula ferida
A minha mão sem nada.

Posso escrever todos os versos de amargura
Todas as insónias desesperadas
Ou a serenidade dum quarto na noite à hora do lobo.

E posso escrever tudo isso
Posso escrever com tudo isso
Posso escrever por tudo isso

Porque hoje não ouvi ainda a tua voz
Mesmo que ao longe que de longe
Como um sussurro que se propaga no espaço

E chega ao meu ouvido como um som de flauta ou de um tambor num jardim.

Nicolau Saião


* Verso de Pablo Neruda.

Es la mañana llena de tempestad en el corazón del verano #1.1

O mundo

Eu que cresci no interior de uma árvore*
às vezes imagino o mundo desenhado
com o rigor das folhas do vidoeiro
ou com a perfeição das suas sementes

aladas: como se uma árvore
por um instante breve pudesse reproduzir
em todas as paredes e em todos os pátios
de todas as casas do mundo

esse repetido milagre: o do inverno
a tecer junto às raízes
o limbo e o seu ápice, o pecíolo,

a bainha, uma semente que
o vento mais tarde levará para longe
para que mais nos pertença.

José Carlos Barros


* Verso de Pablo Neruda.

Es la mañana llena de tempestad en el corazón del verano #1

Centenário do nascimento de Pablo Neruda, hoje. Como comemorar aqui no tempo? Pedindo que escrevam (poesia ou prosa) a partir dos primeiros versos de alguns dos seus poemas. Aceitam? Usem este mail para as vossas respostas. Iniciativa aberta até ao final do dia de hoje. Caso a mesma seja um fracasso, viremos a público e em horário nobre, assumir a nossa responsabilidade!




Puedo escribir los versos más tristes esta noche.

Escribir, por ejemplo: "La noche está estrellada,
y tiritan, azules, los astros, a lo lejos".

El viento de la noche gira en el cielo y canta.

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Yo la quise, y a veces ella también me quiso.

En las noches como ésta la tuve entre mis brazos.
La besé tantas veces bajo el cielo infinito.

Ella me quiso, a veces yo también la quería.
Cómo no haber amado sus grandes ojos fijos.

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Pensar que no la tengo. Sentir que la he perdido.

Oir la noche inmensa, más inmensa sin ella.
Y el verso cae al alma como al pasto el rocío.

Qué importa que mi amor no pudiera guardarla.
La noche está estrellada y ella no está conmigo.

Eso es todo. A lo lejos alguien canta. A lo lejos.
Mi alma no se contenta con haberla perdido.

Como para acercarla mi mirada la busca.
Mi corazón la busca, y ella no está conmigo.

La misma noche que hace blanquear los mismos
árboles.
Nosotros, los de entonces, ya no somos los mismos.

Ya no la quiero, es cierto, pero cuánto la quise.
Mi voz buscaba el viento para tocar su oído.

De otro. Será de otro. Como antes de mis besos.
Su voz, su cuerpo claro. Sus ojos infinitos.

Ya no la quiero, es cierto, pero tal vez la quiero.
Es tan corto el amor, y es tan largo el olvido.

Porque en noches como ésta la tuve entre mis
brazos,
mi alma no se contenta con haberla perdido.

Aunque éste sea el último dolor que ella me causa,
y éstos sean los últimos versos que yo le escribo.

[in Veinte poemas de amor y una canción desesperada]
............


XLIV

Sabrás que no te amo y que te amo
puesto que de dos modos es la vida,
la palabra es un ala del silencio,
el fuego tiene una mitad de frío.

Yo te amo para comenzar a amarte,
para recomenzar el infinito
y para no dejar de amarte nunca:
por eso no te amo todavía.

Te amo y no te amo como si tuviera
en mis manos las llaves de la dicha
y un incierto destino desdichado.

Mi amor tiene dos vidas para amarte.
Por eso te amo cuando no te amo
y por eso te amo cuando te amo.

[in Cien Sonetos de Amor]
.............

SILENCIO

Yo que crecí dentro de un árbol
tendría mucho que decir,
pero aprendí tanto silencio
que tengo mucho que callar
y eso se conoce creciendo
sin otro goce que crecer,
sin más pasión que la substancia,
sin más acción que la inocencia,
y por dentro el tiempo dorado
hasta que la altura lo llama
para convertirlo en naranja.

[in Fin de Mundo]
..............


Es la mañana llena de tempestad
en el corazón del verano.


Como pañuelos blancos de adiós viajan las nubes,
el viento las sacude con sus viajeras manos.

Innumerable corazón del viento
latiendo sobre nuestro silencio enamorado.

Zumbando entre los árboles, orquestal y divino,
como una lengua llena de guerras y de cantos.

Viento que lleva en rápido robo la hojarasca
y desvía las flechas latientes de los pájaros.

Viento que la derriba en ola sin espuma
y sustancia sin peso, y fuegos inclinados.

Se rompe y se sumerge su volumen de besos
combatido en la puerta del viento del verano.

[in Veinte poemas de amor y una canción desesperada]

Pablo Neruda



São, então, estes os versos para manhãs de tempestade no coração do Verão:

#1 Posso escrever os versos mais tristes esta noite
#2 Saberás que não te amo e que te amo
#3 Eu que cresci dentro de uma árvore
#4 É a manhã cheia de tempestade

domingo, julho 11, 2004

Lhasa*



Lhasa é uma menina. Trouxe histórias para nos contar - do bisavô que ficava invisível, da viagem para Marselha, da culpa e da liberdade (la la la la), do pai filósofo e de mundos infinitos - e um riso grácil, quase tão surpreendente como a sua voz. Diz, quem sabe, que ela gosta muito de Amália e por isso cantou "Meu amor, meu amor". Lhasa é uma menina e veio até ao Porto dizer-nos - convencer-nos - que o que importa é que as nuvens, às vezes, travam grandes batalhas, às vezes dançam e às vezes não fazem nada.



[Post dedicado a todos quantos ouviram Lhasa com coração de menino.]

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