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sábado, janeiro 24, 2004

exercícios do inútil*

#1 | Esperar por ti.
#2 | Escrever um poema.
#3 | Guardar instruções de funcionamento.
#4 | Caminhar descalça.
#5 | Dizer com os lábios que a tua boca foi a primeira que beijei.
#6 | Estremecer.
#7 | Chorar.

novos links e actualizações*

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sexta-feira, janeiro 23, 2004

by this river*

abro a janela com o peso do silêncio
e absorvo a chuva como se fosse água
o que cai das nuvens

fingem que voam poemas pelo chão
porque a morte é uma daquelas raras coisas
próprias do mundo
, segundo o que hoje quis ler
em Camus*

(e como se eu fosse água
e caísse das nuvens)


Sandra Costa

eros #3


Raquel Martins

seguramos o mundo com o corpo
se por dentro se (nos) esvai a noite ou o sangue
em finíssimos travos de tempo

Sandra Costa


quinta-feira, janeiro 22, 2004

|\/|anga*
Neon Genesis - EVANGELION começou por ser uma série de animação e só depois vieram os livros. Créditos para o senhor Yoshiyuki Sadamoto.
Como a maior parte da B.D. que por aqui tenho deixado, senão toda, devo-os a G., que sempre chega sem se anunciar deixando-me livros na secretária. Seis volumes engolidos de um golpe (o sétimos ainda não me chegou às mãos), sem ter ideia de quando ou como irá acabar, de quantos me faltam...
E depois é uma edição especial para coleccionadores, com as pequenas delícias que isso implica. Por exemplo, o livro folheia-se ao contrário, assim como se devem ler as páginas, sempre da direita para a esquerda, tal como acontece no original em japonês.
Deixo uma impressão muito facciosa destes Neon Genesis, sei que as páginas que seleccionei não dizem verdadeiramente da história. Prepare-se para muita explosão e batalhas de titans quem se propuser a ler isto.

A personagem principal, Shinji, numa das mais adoráveis recordações de infância:



Um dos raríssimos diálogos entre Shinji e o pai:


quarta-feira, janeiro 21, 2004

Gottfried Benn*

GENTE ENCONTRADA

Tenho encontrado gente que
se se lhes pergunta pelo nome
respondem com modéstia como se
não se atravessem sequer a reclamar que o têm.
"Cristiano". E logo dizem
"como o nome próprio", na intenção de explicarem
que não é um nome raro como Popiol ou Baberdererde,
"como o nome próprio", ora, não incomode a memória com tal coisa.

Tenho encontrado gente que
cresceu com os pais e quatro irmãos num quarto
e que, de noite, os dedos nos ouvidos,
estudou só com o fogão da cozinha,
e no mundo se ergue - por fora ladylike e bela como uma duquesa,
por dentro doce e delicada como Nausícaa,
a fronte pura de anjo.

E tenho-me perguntado muitas vezes sem resposta alguma
de onde é que a gentileza e a bondade vêm;
ainda hoje não sei, e é tempo de ir-me embora.



[Tradução de Jorge de Sena]
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Poetas novos entre conversas.

dual #5

cai a manhã sobre o corpo esmiuçando-se de luz,
não há um lugar onde possa esconder as mãos,
um lugar a protegê-las do desejo e da água
como se ouvisse tudo o que é superfície a crepitar
e o próprio mar se ausentasse de fundura

em segredo, o que estremece é a ave moribunda do poema
(enquanto o ar se desloca em impressões forçadas de voo
esqueço-me que os regressos se aproximam como a sede)


Cláudia Caetano e Sandra Costa

terça-feira, janeiro 20, 2004

as mimosas #2 [correcção]*

Há uns dias, à conta de umas mimosas em explosão, dei com um poema na net que a elas se referiam. Feliz e contente, lá citei o poema e respectivo autor e, pelo sim pelo não, a fonte onde o havia colhido. Aqui. Pessoa e seus heterónimos não são o meu forte, confesso. Li muito pouco e sem profundidade, logo não os consigo identificar por esta ou aquela característica e se encontro num site de uma Livraria/Editora um poema retirado de um livro cujo autor é Alberto Caeiro, eu acredito. Mas não devia já que o livro em questão é do Daniel Faria. Felizmente, há pessoas que por aqui passam que não só lêm este blog com atenção como também percebem o quão irritante podem ser estes pequenos grandes erros. Agradeço à Amélia e à Paula o contributo para que a verdade fosse reposta. Não gosto que um erro mil vezes repetido se transforme em verdade, ainda que a história tenha muitos exemplos deste género nos seus anais.

neste momento*
queria estar a ouvir o Manuel António Pina, como não posso,
vou à carteira buscá-lo:

Tanto silêncio

Para cá de mim e para lá de mim, antes e depois.
E entre mim eu, isto é, palavras,
formas indecisas
procurando um eixo que
lhes dê peso, um sentido capaz de conter
a sua inocência
uma voz (uma palavra) a que se prender
antes de se despedaçarem
contra tanto silêncio.
São elas, as tuas palavras, quem diz «eu»;
se tiveres ouvidos suficientemente privados
podes escutar o seu coração
pulsando sob a palavra da tua existência,
entre o para cá de ti e o para lá de ti.
Tu és aquilo que as tuas palavras ouvem,
ouves o teu coração (as tuas palavras «o teu coração»)?


Manuel António Pina, Os Livros,
Assírio & Alvim, 2003

segunda-feira, janeiro 19, 2004

síndrome Walter Benjamim*
para mim.


para ti até porque eu queria responder a uma
pergunta.

Eugénio de Andrade*

Escrevo já com a noite
em casa. Escrevo
sobre a manhã em que escutava
o rumor da cal ou lume,
e eras tu somente
a dizer o meu nome.
Escrevo para levar à boca
o sabor da primeira
boca que beijei a tremer.
Escrevo para subir
às fontes.
E voltar a nascer.


Eugénio de Andrade, Os sulcos da sede,
FEA, 2001

post politicamente incorrecto*

Bem aventurados os que já caíram de cu. :(

domingo, janeiro 18, 2004

tardes que acabam assim*

48 Ko 47 Ko

Como serão as minhas invasões bárbaras?

Tisbe,*


Fresco de Pompeia

da dualidade anterior, começou no Abrupto
e a ele regressou. Obrigada JPP.

dualidades mí­nimas #36

Encosto-me à parede depois do sono
- assim que partes - como Tisbe à procura
do que define o silêncio: a tua voz.

Sandra Costa

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