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sábado, novembro 08, 2003

nota de rodapé #1*

[confirma-se]
      os meus olhos não reconhecem a escuridão
      aguardo o poema para me situar

sexta-feira, novembro 07, 2003

penso sujo*



No último dia das diplicidades, o lançamento do novo projecto da in-libris. O desastre do Prestige, insuportavelmente belo nas fotografias de Paulo Gaspar Ferreira e, a acompanhar, os textos de Carlos Tê. Sendo uma das privilegiadas que acompanhou este processo de criação, não posso deixar de vos dizer que, no dia 13 de Novembro, apareçam MESMO, na Galeria Nunca, pelas 21:30! Ao Luís Filipe Borges, desculpas pela concorrência a 300 kms de distância.

MUDAREMOS O MUNDO DEPOIS DAS 3 DA MANHÃ*
O livro de Luís Filipe Borges sai no próximo dia 13, pelas Ed. Tágide, primeiro livro da colecção "7º Sentido". O lançamento será no bar MADRES DE GOA, na Rua dos Industriais. É às 21h, há gin tónico, comezainas e leitura de poemas. Não me sendo possível ir (de todo e não só pelo post que se segue) fica aqui o convite e a pré-publicação de um dos seus poemas. Ao Luís, que sempre a poesia em ti exista e obrigada.


MÃE


mãe.

Novela Gráfica*

1- O que encontrava eu quando dançava?
2- Sei lá. Sei que encontrava, mas não sei o quê.
3- Interessa o que se encontra? Não é pedir demais? Não é já tão bom haver encontro?




(António Jorge Gonçalves e Rui Zink)


quinta-feira, novembro 06, 2003

para Sophia*

guardo para ti as noites que se esboroam
em poemas demorados

«dansa [para] de Sophia»*

Espreito os lugares silenciosos do poema e deixo
que as pausas se prolonguem até à visibilidade inteira
e indizível das dansas de Sophia e não sei se crio
passagens ou êxtases ou desertos: não sinto as rosas
exaltadas e os musgos parecem-me em cada rosto
- a cada ausência - mais possessos de rotinas.

[Escrito, talvez, em 2001 mas hoje reencontrado.]

dual também ela*

Dual

Altas marés no tumulto me ressoam
E paredes de silêncio me reflectem


Sophia de Mello Breyner Andresen, Obra Poética II, Caminho, 1999

Re: Re: Re: Re: »~«*
onde o fim se faz de areia fina sem mar
onde os muros crescem altos de ruínas

onde as fronteiras são traços muito largos
sobre os quais se pode caminhar uma vida inteira

onde cães velhos de pele e osso
não ladram a fome como quem não
ouve a morte

onde eram secos os dedos nos olhos
os olhos na boca as mãos nos ombros os
ombros no vazio da casa

onde de um trago se engole em ardor o mundo

onde se disseram as
palavras as palavras as palavras


quarta-feira, novembro 05, 2003

elogio da sombra #4

[–E agora, vais já para casa?
– Hmmmm... não, ainda vou ver o correio e talvez deixar um post sobre o livro.
– Viste o correio há menos de duas horas. E esse livro... Vais perder tempo com isso?
– Vou.]
Não são simpáticas todas as crí­ticas que encontrei, na verdade, uma das que vi repetidas transtorna-me um pouco, dizem "Michel Houellebecq não é um génio", como se aí­, precisamente, se encontrasse a grande falta. Mas, e depois?
Também dizem que é racista e misógeno. Que não vale a pena ler. E, se calhar, têm razão. Porque deve ser mesmo esta coisa em mim que gosta de livros fáceis. esta coisa, ainda pior, em mim que não resiste a cenas de sexo e de detalhes.





"Podemos habitar um mundo sem o compreendermos, basta-nos ser capazes de obtermos alimentos, carí­cias e amor. Em Pattaya, a alimentação e as carí­cias são baratas, de acordo com os critérios ocidentais e mesmo com os asiáticos. Sobre o amor, sinto grande dificuldade em falar."
Plataforma
, Michel Houellebecq, Bertrand Editora, Chiado, 2002


segunda-feira, novembro 03, 2003

6cm x 8cm*
mas a Janela fê-lo crescer! Obrigada Ana.

p.s. - Cláudia não te zangues comigo por ainda
não te ter contado do meu segundo livrinho!
Não contei, pois não?

quarta variação, se não me julgasse longe*

estou ainda na ombreira da porta
e já o poema se desfez em pó

surpreendo-me*

surpreendo-me a redigir tratados nas margens dos livros sobre personagens fictícias como se fossem reais e eu própria surpreendo-me a nomear estados de espírito como se fossem estados de matéria e a encontrar-lhes a urgência e a determinação surpreendo-me a consultar os males comuns em busca do que me distinga surpreendo-me, insistentemente,

a dispersar a morte com as mãos

outra*

das palavras os umbrais
onde me sento a descansar das ruínas
e da matéria da qual não fui feita

aí me cruzo com a fertilidade do que nego
ainda que a tarefa sempre seja a da construção

um rosto meu em outra semelhança

cansaço*

canso-me de não sair do lugar
de não largar a mesma palavra
vinte poemas depois

canso-me de desafiar a chuva
e regressar a casa com os olhos secos
como se o inverno fosse isto

canso-me de não beber os limites
de não deixar os corpos visíveis
o silêncio depois

canso-me de entrar em cada noite
com a luz intacta das açucenas

e não te colher uma flor

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