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sábado, outubro 30, 2004

eros #13


Julião Sarmento, Parasite (residues of the narrative structure)


as mãos são nos flancos
as mãos são no caminho das virilhas
o indicador no vinco das virilhas

isso depois das mãos nos glúteos
desviando carnes apartando
depois da mão na carne conduzindo

as mãos são na cómoda sustendo corpos
contrariando a força
firmando a tomada

entretanto toda a pele a experimentar
corrida nas tuas mãos

(e gostar que te toques quando te apanho por trás)

cláudia caetano

quinta-feira, outubro 28, 2004

men in black... moustaches*


Balthus, Nude with Arms Raised

foi a margaret quem nos chamou a atenção para isto – O Regresso da Pide. parece que o possi vem citado num índex do SIS, parece que é um livro que ninguém leu (o próprio afiança), parece anedota. é anedota. mas falemos disto, falemos muito. que sirva de alguma coisa o esforço dos homenzinhos de fato (ao menos que usem fato, não suportaria um agente do SIS sem gravata, seria rude golpe, ruiria um dos pilares centrais de toda a minha fantasia erótica e homo-erótica).
o livro chama-se A Materna Doçura e parece que os tipos lá do alto dos seus lápis o consideram... hmmm, semicerremos os olhos... perigoso. e, convenhamos, que pensar de alguém que exiba nas suas estantes um, apenas aparentemente, inofensivo morte em veneza, ou, aquele que já tresanda a perversa lubricidade logo no título, um Lolita, ou pior, muito pior, a obra do moço de évora? se juntarmos a isso um quadro do 'conde' de rola em cima da lareira, que mais provas necessitamos?

e pronto, podemos deixar de semicerrar os olhos, aliás, é bom que se abram bem. que escusado será dizer que isto que andamos a fazer é perigoso, que já nos vi mais longe de alguma coisa ao estilo do bom "acto patriota" que os nossos aliados se lembraram de inventar. e que, a propósito de pedofilia, se perceberá muito pouco. nos livre deus da tentação. repressão repressão repressão, as mãozinhas sempre onde as possamos ver.

quarta-feira, outubro 27, 2004

musgo nos telhados*










Suspeitava que quando regressasse
às palavras sentiria medo e um tolo
desejo de ser musgo de inverno

nos telhados das casas abandonadas.


Sandra Costa

segunda-feira, outubro 25, 2004

=|_|=|=|_|=

engana-se o mundo– sobrevive-se ao mundo–
tomando-o de espaço ganhando-o de tempo
rasgando o mundo pelas margens para que o mundo se faça
beirando precipícios

– diz-se o amor pela metade tudo por uma
desigual metade tudo cheio de palavras
coxas frases feitas de contenção e afectação
e no gesto a encenação da mentira da omissão
a promoção da ambiguidade para efeitos ilibatórios

.....a promoção do mistério é estratégia
.....disfarçando o espanto a confusão
.....o medo
.....enganando-se (d)o mundo


cláudia caetano

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