sábado, dezembro 11, 2004
magnólias para breve*
parece haver um tempo infinito
sobre as árvores se é inverno
e o silêncio é azul
se as manhãs que se abrem pelo caminho
são os únicos poemas se prometidas
estão as magnólias para breve
Sandra Costa
parece haver um tempo infinito
sobre as árvores se é inverno
e o silêncio é azul
se as manhãs que se abrem pelo caminho
são os únicos poemas se prometidas
estão as magnólias para breve
Sandra Costa
o boy, o boy, how screwed can we be?*
Não me movem altruísticos destinos de origem Política ou Religiosa e não penso dignificar esta, ou outra qualquer, sociedade, à qual pertenço por desejo alheio e puramente burocrático. Só existe uma Sociedade quando todos os seus componentes apelam para um único Objecto e, francamente, não é meu o objecto para que apelam. Não defendo o que para subsistir necessite de toda a espécie de escravatura mental.
António Maria Lisboa, Poesia, Assírio & Alvim, 1995.
Não me movem altruísticos destinos de origem Política ou Religiosa e não penso dignificar esta, ou outra qualquer, sociedade, à qual pertenço por desejo alheio e puramente burocrático. Só existe uma Sociedade quando todos os seus componentes apelam para um único Objecto e, francamente, não é meu o objecto para que apelam. Não defendo o que para subsistir necessite de toda a espécie de escravatura mental.
António Maria Lisboa, Poesia, Assírio & Alvim, 1995.
terça-feira, dezembro 07, 2004
Poem 42*
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OthI
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g can
s
urPas
s
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y
SteR
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of
s
tilLnes
s
ee cummings
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domingo, dezembro 05, 2004
======)|(*
era verão e escrevias
........lá fora as árvores aguardam
........impacientes
........os dias da muita chuva
........como comboios que rasgam a terra
........em acusações de ser pouca
era verão e por essa altura
quase só sabias das coisas como o sol
a arder na carne e a pele
escudando-se em mais cor
sabias [ainda que muito vagamente]
que o frio te tomaria até aos
ossos [como se aí nascesse ou apenas como
se aí desaguasse] que curvarias como sempre
curvas sob a invernia
mas naquela tarde por ser verão
e ser tão seco e ser tão quente
– como são secas as mãos no fim da vida
como é quente o vidro do projector de halogéneo–
só por isso a ideia da chuva era a mais feliz
e o frio a coisa mais desejada
como se não pudessem ser demais
como se a chuva não acontecesse de nuvens
cinzentas como se as nuvens cinzentas não apagassem
os dias como se os dias sobrevivessem aos dedos
roxos
como se o inverno não fosse triste pelas ruas
de granito molhado
não fosse demorado pelos casacos cachecóis luvas
gorros que não detém todo o frio
não fosse uma mão cheia de recordações mutiladas
pelas rajadas violentas
cláudia caetano
era verão e escrevias
........lá fora as árvores aguardam
........impacientes
........os dias da muita chuva
........como comboios que rasgam a terra
........em acusações de ser pouca
era verão e por essa altura
quase só sabias das coisas como o sol
a arder na carne e a pele
escudando-se em mais cor
sabias [ainda que muito vagamente]
que o frio te tomaria até aos
ossos [como se aí nascesse ou apenas como
se aí desaguasse] que curvarias como sempre
curvas sob a invernia
mas naquela tarde por ser verão
e ser tão seco e ser tão quente
– como são secas as mãos no fim da vida
como é quente o vidro do projector de halogéneo–
só por isso a ideia da chuva era a mais feliz
e o frio a coisa mais desejada
como se não pudessem ser demais
como se a chuva não acontecesse de nuvens
cinzentas como se as nuvens cinzentas não apagassem
os dias como se os dias sobrevivessem aos dedos
roxos
como se o inverno não fosse triste pelas ruas
de granito molhado
não fosse demorado pelos casacos cachecóis luvas
gorros que não detém todo o frio
não fosse uma mão cheia de recordações mutiladas
pelas rajadas violentas
cláudia caetano