sábado, fevereiro 19, 2005
...the low prairie of beginnings and endings.*
The Rider
Some believe the end will come
in the form of a mathematical equation.
Others believe it will descend as a shining horse.
I calculate the probabilities to be even at fifty percent.
Either a thing will happen or it won't.
I open a window,
I unmake the bed.
Somehow, I am moving closer to the equation
or to the horse with everything I do.
Death comes in the form of a horse
covered in shining equations.
There will be no further clues, I see.
I begin to read my horse.
The equations are drawn in the shapes of horses:
horses covered in equations.
I am tempted to hook an ankle
around the world as I ride away.
For I am about to ride far beyond
the low prairie of beginnings and endings.
Sarah Manguso, The Captain Lands in Paradise, 2004
Exercício #1.4
O Cavaleiro
Alguns acreditam que o fim virá
em forma de uma equação matemática.
Outros acreditam que descerá como um cavalo cintilante.
Calculo que as probabilidades serão iguais em cinquenta porcento.
Ou uma coisa acontecerá ou não.
Abro uma janela,
desfaço a cama.
De algum modo, aproximo-me da equação
ou do cavalo com tudo aquilo que faço.
A morte vem em forma de um cavalo
envolto em equações cintilantes.
Não haverá mais indícios, pressinto.
Começo a ler o meu cavalo.
As equações estão inscritas nas formas dos cavalos:
cavalos envoltos em equações.
Estou tentado em enganchar um tornozelo
em torno do mundo enquanto cavalgo para longe.
Porque estou prestes a cavalgar muito para além
da planície lisa dos começos e dos fins.
mera hipótese de tradução de Sandra Costa
The Rider
Some believe the end will come
in the form of a mathematical equation.
Others believe it will descend as a shining horse.
I calculate the probabilities to be even at fifty percent.
Either a thing will happen or it won't.
I open a window,
I unmake the bed.
Somehow, I am moving closer to the equation
or to the horse with everything I do.
Death comes in the form of a horse
covered in shining equations.
There will be no further clues, I see.
I begin to read my horse.
The equations are drawn in the shapes of horses:
horses covered in equations.
I am tempted to hook an ankle
around the world as I ride away.
For I am about to ride far beyond
the low prairie of beginnings and endings.
Sarah Manguso, The Captain Lands in Paradise, 2004
Exercício #1.4
O Cavaleiro
Alguns acreditam que o fim virá
em forma de uma equação matemática.
Outros acreditam que descerá como um cavalo cintilante.
Calculo que as probabilidades serão iguais em cinquenta porcento.
Ou uma coisa acontecerá ou não.
Abro uma janela,
desfaço a cama.
De algum modo, aproximo-me da equação
ou do cavalo com tudo aquilo que faço.
A morte vem em forma de um cavalo
envolto em equações cintilantes.
Não haverá mais indícios, pressinto.
Começo a ler o meu cavalo.
As equações estão inscritas nas formas dos cavalos:
cavalos envoltos em equações.
Estou tentado em enganchar um tornozelo
em torno do mundo enquanto cavalgo para longe.
Porque estou prestes a cavalgar muito para além
da planície lisa dos começos e dos fins.
mera hipótese de tradução de Sandra Costa
sexta-feira, fevereiro 18, 2005
por florescer*
ninho em magnólia por florescer, 18 de Fevereiro de 2005
17
Días en que una palabra lejana se apodera de mí. Voy por esos días
sonámbula y transparente. La hermosa autómata se canta, se encanta,
se cuenta casos y cosas: nido de hilos rígidos donde me danzo y me lloro
en mis numerosos funerales. (Ella es su espejo incendiado, su espera en
hogueras frías, su elemento místico, su fornicación de nombres
creciendo solos en la noche pálida..
Alejandra Pizarnik, Árbol de Diana, 1962
Exercício #1.3
17
Dias em que uma palavra distante se apodera de mim. Sigo por esses dias
sonâmbula e transparente. A bela autómata canta-se, encanta-se,
conta-se casos e coisas: ninho de fios rígidos onde danço-me e choro-me
nos meus numerosos funerais. (Ela é o seu espelho incendiado, a sua espera em
fogueiras frias, o seu elemento místico, a sua fornicação de nomes
crescendo sozinhos na noite pálida.)
mera hipótese de tradução de Sandra Costa
ninho em magnólia por florescer, 18 de Fevereiro de 2005
17
Días en que una palabra lejana se apodera de mí. Voy por esos días
sonámbula y transparente. La hermosa autómata se canta, se encanta,
se cuenta casos y cosas: nido de hilos rígidos donde me danzo y me lloro
en mis numerosos funerales. (Ella es su espejo incendiado, su espera en
hogueras frías, su elemento místico, su fornicación de nombres
creciendo solos en la noche pálida..
Alejandra Pizarnik, Árbol de Diana, 1962
Exercício #1.3
17
Dias em que uma palavra distante se apodera de mim. Sigo por esses dias
sonâmbula e transparente. A bela autómata canta-se, encanta-se,
conta-se casos e coisas: ninho de fios rígidos onde danço-me e choro-me
nos meus numerosos funerais. (Ela é o seu espelho incendiado, a sua espera em
fogueiras frias, o seu elemento místico, a sua fornicação de nomes
crescendo sozinhos na noite pálida.)
mera hipótese de tradução de Sandra Costa
Decisões*
Erguermo-nos de um estado miserável tem de ser fácil, mesmo que com uma energia premeditada. Arranco-me à poltrona, circundo a mesa, solto a cabeça e o pescoço, dou fogo aos olhos, estico os músculos que os rodeiam. Contrario todas as sensações, se A. vier cumprimento-o entusiasticamente, tolero B. amigavelmente no meu quarto, em casa de C., apesar da dor e do esforço, engulo o que é dito com longos tragos.
Mas mesmo que consiga fazer isto, um erro qualquer - e os erros são inevitáveis - bastará para que tudo, o fácil e o difícil, falhe e então vou ter de voltar atrás no círculo.
Por isso o mais aconselhável continua a ser aceitar tudo o que vier, comportamo-nos como uma massa pesada, e, no caso de nos sentirmos postos de parte, não deixar que nos façam dar um passo desnecessário, fitar os outros com um olhar animal, não sentir remorsos, ou seja, esmagar com a própria mão todos os fantasmas da vida que ainda restarem, o que quer dizer intensificar um pouco mais o último sossego tumular e não permitir que mais nada subsista para além dele.
Um movimento característico de uma condição destas é passar o dedo mínimo pela sobrancelha.
Franz Kafka, Os Contos, Assírio & Alvim, 2004.
Erguermo-nos de um estado miserável tem de ser fácil, mesmo que com uma energia premeditada. Arranco-me à poltrona, circundo a mesa, solto a cabeça e o pescoço, dou fogo aos olhos, estico os músculos que os rodeiam. Contrario todas as sensações, se A. vier cumprimento-o entusiasticamente, tolero B. amigavelmente no meu quarto, em casa de C., apesar da dor e do esforço, engulo o que é dito com longos tragos.
Mas mesmo que consiga fazer isto, um erro qualquer - e os erros são inevitáveis - bastará para que tudo, o fácil e o difícil, falhe e então vou ter de voltar atrás no círculo.
Por isso o mais aconselhável continua a ser aceitar tudo o que vier, comportamo-nos como uma massa pesada, e, no caso de nos sentirmos postos de parte, não deixar que nos façam dar um passo desnecessário, fitar os outros com um olhar animal, não sentir remorsos, ou seja, esmagar com a própria mão todos os fantasmas da vida que ainda restarem, o que quer dizer intensificar um pouco mais o último sossego tumular e não permitir que mais nada subsista para além dele.
Um movimento característico de uma condição destas é passar o dedo mínimo pela sobrancelha.
Franz Kafka, Os Contos, Assírio & Alvim, 2004.
quinta-feira, fevereiro 17, 2005
eros #14
Danica Phelps, Integrating Sex Into Everyday Life
seja a noite quotidiana
de luz frouxa e descanso na sala
seja o colo ordinário
durante o noticiário
a novela o jogo de futebol o filme barato
sejam as costas para as vozes
—que espreitem— enquanto
as pernas se abrem mais enquanto
o beijo se aumenta de saliva
cláudia caetano
Danica Phelps, Integrating Sex Into Everyday Life
seja a noite quotidiana
de luz frouxa e descanso na sala
seja o colo ordinário
durante o noticiário
a novela o jogo de futebol o filme barato
sejam as costas para as vozes
—que espreitem— enquanto
as pernas se abrem mais enquanto
o beijo se aumenta de saliva
cláudia caetano
domingo, fevereiro 13, 2005
uma boa semana*
magnólias na minha rua, Fevereiro de 2005
por un minuto de vida breve
única de ojos abiertos
por un minuto de ver
en el cerebro flores pequeñas
danzando como palabras en la boca de un mundo.
Alejandra Pizarnik, Árbol de Diana, 1962
Exercício #1.2
por um minuto de vida breve
única de olhos abertos
por um minuto onde veja
no cérebro pequenas flores
dançando como palavras na boca de um mundo
mera hipótese de tradução de Sandra Costa
magnólias na minha rua, Fevereiro de 2005
por un minuto de vida breve
única de ojos abiertos
por un minuto de ver
en el cerebro flores pequeñas
danzando como palabras en la boca de un mundo.
Alejandra Pizarnik, Árbol de Diana, 1962
Exercício #1.2
por um minuto de vida breve
única de olhos abertos
por um minuto onde veja
no cérebro pequenas flores
dançando como palavras na boca de um mundo
mera hipótese de tradução de Sandra Costa