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quinta-feira, dezembro 15, 2005

há qualquer coisa em mim que partiu #2*

o mundo esticando o braço
para dentro de ti

como a criança desastrada
procurando o eventual baú em miniatura
perdido no fundo de uma das
divisões da casa de bonecas recém-descoberta

é a mesa de chá tombada
o bule aos pés da poltrona

e na insistência é a ombreira de uma porta
lascada

é o mundo de violências descuidadas
estilhaçando o que nem suspeita
dentro de ti


cláudia caetano

terça-feira, dezembro 13, 2005

há qualquer coisa em mim que partiu #1*

ficou o quebranto sombrio
uma tristeza de cercanias pantanosas
ou a geada
das manhãs do janeiro em que
pela primeira vez não se aventaram ao tempo que vem
as resoluções de ano novo

depois que qualquer coisa em nós se parte
–e é certo que um dia acontece–
o futuro são espelhos do que já foi
são os olhos fechados diante do que podia ter sido


cláudia caetano

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