sábado, agosto 16, 2003
sexta-feira, agosto 15, 2003
crescente*
crescente a vontade de te escrever
luarenta a insónia entre os dedos
crivada de silêncio a madrugada
varandas de neblina pela manhã
fragilidades estendidas sobre os telhados
o verão abandonado num banco de jardim
crescentes as noites que diminuem por Setembro dentro até que regresses na explosão dos gestos transparentes que iniciam
ou abrandam a poesia
crescente a vontade de te escrever
luarenta a insónia entre os dedos
crivada de silêncio a madrugada
varandas de neblina pela manhã
fragilidades estendidas sobre os telhados
o verão abandonado num banco de jardim
crescentes as noites que diminuem por Setembro dentro até que regresses na explosão dos gestos transparentes que iniciam
ou abrandam a poesia
fragile*
If blood will flow when flesh and steel are one
Drying in the colour of the evening sun
Tomorrow's rain will wash the stains away
But something in our minds will always stay
Perhaps this final act was meant
To clinch a lifetime's argument
That nothing comes from violence and nothing ever could
For all those born beneath an angry star
Lest we forget how fragile we are
On and on the rain will fall
Like tears from a star like tears from a star
On and on the rain will say
How fragile we are how fragile we are
On and on the rain will fall
Like tears from a star like tears from a star
On and on the rain will say
How fragile we are how fragile we are
How fragile we are how fragile we are
Sting
If blood will flow when flesh and steel are one
Drying in the colour of the evening sun
Tomorrow's rain will wash the stains away
But something in our minds will always stay
Perhaps this final act was meant
To clinch a lifetime's argument
That nothing comes from violence and nothing ever could
For all those born beneath an angry star
Lest we forget how fragile we are
On and on the rain will fall
Like tears from a star like tears from a star
On and on the rain will say
How fragile we are how fragile we are
On and on the rain will fall
Like tears from a star like tears from a star
On and on the rain will say
How fragile we are how fragile we are
How fragile we are how fragile we are
Sting
playing*
Dee Dee Bridgewater | Autumn Leaves
Shirley Horn | In the Wee small hours of the Morning
Sting | Fragile
John Corigliano & Joshua Bell | Anna's Theme
Julie London | Dream of You
Susanne Abbuehl | 'Round Midnight
Julie London | Angel Eyes
B. B. King & Diane Schuur | Try a Little Tenderness
Blossom Dearie | Between The Devil And The Deep Blue Sea
Jacky Terrasson & Cassandra Wilson | Old Devil Moon
Dee Dee Bridgewater | How High The Moon
Diana Krall | P.S. I Love You
Diana Krall | Prelude to a Kiss
Louis Amstrong & Ella Fitzgerald | Paper Moon
Fiona Apple | Angel
Fiona Apple | Pale September
Jeanne Moreau | India Song
Jeff Buckley | Hallelujah
Jeff Buckley | Lilac Wine
Julie London| Fly me to the Moon
Leonard Cohen | In my Secret Life
Maria João & Mário Laginha | Um amor
Nick Cave & Leonard Cohen | Sweetest Embrace
Skeeter Davis | Angel of the Morning
Dee Dee Bridgewater | Autumn Leaves
Shirley Horn | In the Wee small hours of the Morning
Sting | Fragile
John Corigliano & Joshua Bell | Anna's Theme
Julie London | Dream of You
Susanne Abbuehl | 'Round Midnight
Julie London | Angel Eyes
B. B. King & Diane Schuur | Try a Little Tenderness
Blossom Dearie | Between The Devil And The Deep Blue Sea
Jacky Terrasson & Cassandra Wilson | Old Devil Moon
Dee Dee Bridgewater | How High The Moon
Diana Krall | P.S. I Love You
Diana Krall | Prelude to a Kiss
Louis Amstrong & Ella Fitzgerald | Paper Moon
Fiona Apple | Angel
Fiona Apple | Pale September
Jeanne Moreau | India Song
Jeff Buckley | Hallelujah
Jeff Buckley | Lilac Wine
Julie London| Fly me to the Moon
Leonard Cohen | In my Secret Life
Maria João & Mário Laginha | Um amor
Nick Cave & Leonard Cohen | Sweetest Embrace
Skeeter Davis | Angel of the Morning
quinta-feira, agosto 14, 2003
dualidades mínimas #17
Tempo simplificado:
nenhuma tarde é infinita
quando morre o amor.
Tempo simplificado:
nenhuma tarde é infinita
quando morre o amor.
blaster*
está resolvido, pensamos.
está resolvido, pensamos.
terça-feira, agosto 12, 2003
dualidades mínimas #16
é movimento solto
este de aventar o dia
num sopro de febre
é movimento solto
este de aventar o dia
num sopro de febre
mal(zinho)*
porque também tenho alturas em que no mais fundo de mim te quero ver sofrer. no mais fundo e verdadeiro de mim. desejo-te os males do mundo. no mais verdadeiro e sujo de mim, penso-te numa dor intensa. melhor se por mim infligida.
tenho momentos entregues ao exercício suave de te imaginar o sangue. e nem tem que ser o sangue brotando da carne, que nem sempre o estômago reage bem à ideia de carnificina. imaginar-te o sangue, correndo mais rápido nas veias, bombeando mais forte no peito. imaginar-te o sangue mais vermelho de medo, a testa mais molhada de pânico. as mãos mais nervosas de suor, os lábios mais finos de olhos mais despertos de narinas mais abertas de saliva que mais falta na boca seca.
por vezes, acordo de manhã com a cabeça a estourar, juro que vai rebentar. o que quer que seja que tenho dentro dela parece inchar e empurrar os olhos em ameaças de sair pelos ouvidos. a blusa cola-se às costas enquanto me diluo. vomito duas ou três golfadas de um líquido amarelo e amargo.
é preciso esvaziar-me de mim. é preciso esvair-me de ácidos.
a verdade é que os olhos ficam fundos de sono se me faço mãos e os dedos não bastam para segurar o peso todo deste corpo. a verdade é que são frágeis os pulsos e nenhuma força aqui reside para estrangular quem me olha. é esta a verdade e, no entanto, diria que olhar-me é risco desnecessário... se não pelo mal que contorno, pela fraqueza que o encerra.
porque também tenho alturas em que no mais fundo de mim te quero ver sofrer. no mais fundo e verdadeiro de mim. desejo-te os males do mundo. no mais verdadeiro e sujo de mim, penso-te numa dor intensa. melhor se por mim infligida.
tenho momentos entregues ao exercício suave de te imaginar o sangue. e nem tem que ser o sangue brotando da carne, que nem sempre o estômago reage bem à ideia de carnificina. imaginar-te o sangue, correndo mais rápido nas veias, bombeando mais forte no peito. imaginar-te o sangue mais vermelho de medo, a testa mais molhada de pânico. as mãos mais nervosas de suor, os lábios mais finos de olhos mais despertos de narinas mais abertas de saliva que mais falta na boca seca.
por vezes, acordo de manhã com a cabeça a estourar, juro que vai rebentar. o que quer que seja que tenho dentro dela parece inchar e empurrar os olhos em ameaças de sair pelos ouvidos. a blusa cola-se às costas enquanto me diluo. vomito duas ou três golfadas de um líquido amarelo e amargo.
é preciso esvaziar-me de mim. é preciso esvair-me de ácidos.
a verdade é que os olhos ficam fundos de sono se me faço mãos e os dedos não bastam para segurar o peso todo deste corpo. a verdade é que são frágeis os pulsos e nenhuma força aqui reside para estrangular quem me olha. é esta a verdade e, no entanto, diria que olhar-me é risco desnecessário... se não pelo mal que contorno, pela fraqueza que o encerra.
segunda-feira, agosto 11, 2003
mythos*
este é o tempo dos construtores de mitos
da delineação límpida e grega de todas as coisas
da solidão em ânforas mediterrânicas
transportadas pela sede das árvores do sul
e onde o sol modelou a porosidade do silêncio
toda a claridade é azul
e todos os templos projectam o infinito
proponho o homem sobre o gume dos estames
a exactidão inclinada de todos os mitos
Este o mote, claro.
mythos* que em grego significa também palavra
este é o tempo dos construtores de mitos
da delineação límpida e grega de todas as coisas
da solidão em ânforas mediterrânicas
transportadas pela sede das árvores do sul
e onde o sol modelou a porosidade do silêncio
toda a claridade é azul
e todos os templos projectam o infinito
proponho o homem sobre o gume dos estames
a exactidão inclinada de todos os mitos
Este o mote, claro.
mythos* que em grego significa também palavra
mitologia*
Em tardes assim, a luz suspensa em volta das árvores, exala das sombras pregadas no chão a única condição necessária para a construção de um mito.
O tempo ausente.
Em tardes assim, a luz suspensa em volta das árvores, exala das sombras pregadas no chão a única condição necessária para a construção de um mito.
O tempo ausente.
inicial*
Já abri vários livros mas nenhum poema hoje inicia a tarde.
Já abri vários livros mas nenhum poema hoje inicia a tarde.
domingo, agosto 10, 2003
varanda*
É verão e o tempo desmorona-se
numa varanda que dá para o mar:
no gume do horizonte declinam
os últimos fragmentos de realidade
e em mim levanta-se a espessura
dos promontórios que ilusoriamente
só tu convertes num hábito salino.
É verão e o tempo desmorona-se
numa varanda que dá para o mar:
no gume do horizonte declinam
os últimos fragmentos de realidade
e em mim levanta-se a espessura
dos promontórios que ilusoriamente
só tu convertes num hábito salino.
búzio do árctico #2
Procura-se uma árvore onde pousar o desassossego
libertar dos ombros o estival peso dos desertos
arredondar os cumes de silêncio que exalam das noites
planas onde tu não estás para contrapor ao vazio
o promontório tranquilo do teu corpo
- onde sempre encontrei o inacessível,
brandos gumes de rosáceas
a lenta claridade dos templos –
que árvore atenta conseguirá sustentar o invisível?
....................................................................................
De novo, no ofício de fazer estremecer o silêncio. Aqui e aqui.
Procura-se uma árvore onde pousar o desassossego
libertar dos ombros o estival peso dos desertos
arredondar os cumes de silêncio que exalam das noites
planas onde tu não estás para contrapor ao vazio
o promontório tranquilo do teu corpo
- onde sempre encontrei o inacessível,
brandos gumes de rosáceas
a lenta claridade dos templos –
que árvore atenta conseguirá sustentar o invisível?
....................................................................................
De novo, no ofício de fazer estremecer o silêncio. Aqui e aqui.