<$BlogRSDUrl$>

sábado, agosto 21, 2004

Depois de ter dito que não há regressos,*

eis o regresso mais esperado da temporada:
a seta voltou. Safe mode seja, tínhamos saudades.

quinta-feira, agosto 19, 2004

actualizações*

Dias com árvores
istmo
My Moleskine
torneiras de freud
Welcome to Elsinore

do mal #2*

O mal é o ritmo dos outros.

Henri Michaux,
O Retiro pelo Risco, Fenda, 1999.



[apresento-me] sou a que
nos outros não existe, ainda
que isto nada diga de mim


Sandra costa

quarta-feira, agosto 18, 2004

O Regresso*
de Andreï Zviaguintsev.











Não há regressos.

terça-feira, agosto 17, 2004

do mal #1*

O mal é o ritmo dos outros.

Henri Michaux,
O Retiro pelo Risco, Fenda, 1999.



[primeira impressão] escrevo
por cima das palavras dos outros:
o que é segredo não me pertence.

Sandra costa

segunda-feira, agosto 16, 2004

sem outro ofício*

Mudo a terra dos vasos e recolho
as sombras que se desequilibram
se moves as pálpebras: com os pés
descalços, como sempre, apareço[-te]
junto da urze e da luz do verão,
sem outro ofício que não seja
ter medo das abelhas.


Sandra Costa

Czeslaw Milosz. 1911-2004 [post scriptum]*

Tens razão, Luís. Se não fosse a Cavalo de Ferro, eu não o conheceria [recordo também o programa da Alexandra sobre ele(s)]. E este teu post fez-me lembrar um outro poeta que tu me deste a conhecer e certas palavras que, um dia, me entregaste: tojo cordeiro lírio fonte neve. Não deve ser totalmente absurda esta ligação que fiz e, em silêncio, repito contigo:

Outro fim do mundo não haverá,
outro fim do mundo não haverá.


poema com dedicatória invisível*

Total desenlace

Falo-te
da imaginação
de um segundo.
Do festivo
de uma bola de sabonete
encadeada
na sua fugacidade
impiedosa.
Da lucilação
de um arco-íris digno das horas
em que o humedecer
da noite
brinca
- deliciosamente -
com a susceptibilidade
do orvalho.
De um pesar tão fino
que só consigo
senti-lo
levando ao extremo
o esgotamento
da flor em campo
raso.
Falo-te de um pano de cambraia
envolvendo o sopro de
uma criança
morta
- do encontro cada vez mais raro
com o amor.


Eduarda Chiote, Não me morras, & Etc, 2004.

Começo[s] e propósito[s]*

Queremos narrar a vida de Hans Castorp não por ele -, a quem o leitor em breve conhecerá como um rapaz simples, ainda que simpático -, mas por amor a esta narrativa, que nos parece em alto grau digna de ser relatada (a propósito do que convém, entretanto, lembrar que esta é a sua história, e que há histórias que não acontecem a qualquer um): os factos aqui referidos passaram-se há muitos anos. Já estão, por assim dizer, recobertos pela pátina do tempo, e não podem ser narrados senão sob a forma do mais remoto passado.

Thomas Mann, A Montanha Mágica, Ed. Livros do Brasil.

Czeslaw Milosz. 1911-2004*

Nem mais

Tenho que dizer um dia
Como mudei de opinião sobre a poesia
E porque hoje me considero um dos
Mercadores e artesãos do Império Nipónico,
Versejadores das ginjeiras em flor,
Dos crisântemos e da lua cheia.

Se eu pudesse descrever as cortesãs de Veneza
Quando no pátio espevitavam o pavão com o vime
E do vestido sedoso, da cinta nacrada,
Debulhar os lânguidos seios,
O vinco avermelhado no ventre,
Vê-las como as via o mestre
Dos galões carregados de ouro, chegados de manhã;
E se também para os pobres ossos delas - sepultados
No cemitério com o portão lambido pelo mar oleoso -
Achasse uma palavra mais sólida do que o seu último pente,
Que no pó debaixo da laje, espera sozinho pela luz,

Então sim, não teria dúvidas. O que pode recolher-se
Da matéria resistente? Nada além da beleza.
Portanto, temos que contentar-nos com as flores da ginjeira,
Os crisântemos e a lua cheia.


Czeslaw Milosz in

Alguns gostam de poesia, Cavalo de Ferro, 2004.

Mais, p.e., aqui, aqui e aqui.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?