quinta-feira, novembro 04, 2004
inverosimilhança*
andei a ler O Código de Da Vinci, de Dan Brown, no fim-de-semana. a papinha toda feita, basta engolir. e engole-se bem, escorrega que é uma maravilha, tanto mais se falamos de mistérios por desvendar, teorias de conspiração, sociedades secretas, quem é que não gosta? não percebo por que não se fez logo o filme, cortava-se caminho. enfim, há, no entanto, uma coisa que não entendo, não aceito e não engulo. alguém, no seu perfeito juízo, concebe que uma moça de vinte e poucos anos, parisiense, no final do século xx se choque de morte (choque do qual parece nunca conseguir recuperar) ao assistir, incrédula, a um ritual de sexo? explico-me melhor, há gente em volta e no centro o avô da rapariga deitado de costas a ser montado por uma senhora (segundo nos é narrado, a dita senhora não será deslumbrante nem terá as formas perfeitas, o autor terá achado relevante, mas sem mais pormenor, que isto é assunto delicada). só isso, no truly kinky stuff. mas a coitadinha da sophie abandona a casa do avó, recusa-se a falar com ele até aos restos dos seus dias (dos do avô, que o tipo morre logo no início da história). agora sophie tem trinta e poucos anos, trabalha para a polícia judiciária, mas aquela cena, aquele espectáculo, ainda lhe causa horror, não consegue falar sobre o assunto, fica doente só de pensar. uma mulher, adulta, viajada, em pleno século xxi?! e nem mesmo depois do prof langdon (entre eles, por vezes, trocam-se sorrisos ternos e cúmplices... é bonito, não é?) lhe explicar que não, que aquilo não era uma coisa má, que o avozinho era one of the good guys, que aquele ritual presenciado por sophie não era o que parecia, que não, que aquilo não era sexo debochado (deus nos livre), mas sim uma celebração pagã, celebração da deusa, coisas da fertilidade e tal, no fundo, tudo muito espiritual. nem mesmo depois das sábias palavras do prof. sophie encaixa, pudera. bem podemos imaginar o que não terá a passado a pobre miúda ante tão impressionante e revoltante ritual, tanto mais se ela não sabia e ela, meus amigos, não tinha como saber (ora aqui está outro bom momento para semicerrar os olhos). imaginar anos e anos (parece que uma década) de pesadelos e suores frios, a imagem do avó a ser cavalgado por uma balseira... 'the horror! the horror!'... é razoável isto?
andei a ler O Código de Da Vinci, de Dan Brown, no fim-de-semana. a papinha toda feita, basta engolir. e engole-se bem, escorrega que é uma maravilha, tanto mais se falamos de mistérios por desvendar, teorias de conspiração, sociedades secretas, quem é que não gosta? não percebo por que não se fez logo o filme, cortava-se caminho. enfim, há, no entanto, uma coisa que não entendo, não aceito e não engulo. alguém, no seu perfeito juízo, concebe que uma moça de vinte e poucos anos, parisiense, no final do século xx se choque de morte (choque do qual parece nunca conseguir recuperar) ao assistir, incrédula, a um ritual de sexo? explico-me melhor, há gente em volta e no centro o avô da rapariga deitado de costas a ser montado por uma senhora (segundo nos é narrado, a dita senhora não será deslumbrante nem terá as formas perfeitas, o autor terá achado relevante, mas sem mais pormenor, que isto é assunto delicada). só isso, no truly kinky stuff. mas a coitadinha da sophie abandona a casa do avó, recusa-se a falar com ele até aos restos dos seus dias (dos do avô, que o tipo morre logo no início da história). agora sophie tem trinta e poucos anos, trabalha para a polícia judiciária, mas aquela cena, aquele espectáculo, ainda lhe causa horror, não consegue falar sobre o assunto, fica doente só de pensar. uma mulher, adulta, viajada, em pleno século xxi?! e nem mesmo depois do prof langdon (entre eles, por vezes, trocam-se sorrisos ternos e cúmplices... é bonito, não é?) lhe explicar que não, que aquilo não era uma coisa má, que o avozinho era one of the good guys, que aquele ritual presenciado por sophie não era o que parecia, que não, que aquilo não era sexo debochado (deus nos livre), mas sim uma celebração pagã, celebração da deusa, coisas da fertilidade e tal, no fundo, tudo muito espiritual. nem mesmo depois das sábias palavras do prof. sophie encaixa, pudera. bem podemos imaginar o que não terá a passado a pobre miúda ante tão impressionante e revoltante ritual, tanto mais se ela não sabia e ela, meus amigos, não tinha como saber (ora aqui está outro bom momento para semicerrar os olhos). imaginar anos e anos (parece que uma década) de pesadelos e suores frios, a imagem do avó a ser cavalgado por uma balseira... 'the horror! the horror!'... é razoável isto?
quarta-feira, novembro 03, 2004
das más notícias. e das muito más.*
parece que vai haver mais bush. parece que não vai haver mais janela indiscreta.
há coisas para as quais nos vamos preparando, para que quando cheguem não custe tanto. há outras para as quais não se está preparado nunca, não queremos acreditar na sua possibilidade.
as notícias chegam, o mundo aguenta-se, a vidinha corre como deus deixa. por mim, preferia ter na casa branca someone with nice table manners and proper linguistic skills.
quanto à blogosfera, sabe-se que é uma maluca com problemas de auto-mutilação e, às vezes, é como se a lâmina nos acertasse.
um mundo com george w. bush(es) é mau, mas ao menos havia a janela...
parece que vai haver mais bush. parece que não vai haver mais janela indiscreta.
há coisas para as quais nos vamos preparando, para que quando cheguem não custe tanto. há outras para as quais não se está preparado nunca, não queremos acreditar na sua possibilidade.
as notícias chegam, o mundo aguenta-se, a vidinha corre como deus deixa. por mim, preferia ter na casa branca someone with nice table manners and proper linguistic skills.
quanto à blogosfera, sabe-se que é uma maluca com problemas de auto-mutilação e, às vezes, é como se a lâmina nos acertasse.
um mundo com george w. bush(es) é mau, mas ao menos havia a janela...