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sexta-feira, setembro 12, 2003

sai mais uma asneira...*
mas que azelha! consegui apagar mais um post...
desculpem aqueles que comentaram e que agora vêem os seus comentários descontextualizados :(, desculpa sandra por andar sempre a desarrumar a casa :(.
dizia no post que amanhã, segunda-feira dia 15, às 18:30 luis sepúlveda estará em évora, no teatro garcia de resende, assinalando o lançamento do seu último livro.

(tinha ainda uma breve, mas rigorosa, nota histórica, cuja ideia de reconstituir me cansa por demais, até porque me obrigaria a repetir parte da exaustiva pesquisa que havia feito. ;))


quinta-feira, setembro 11, 2003

[o teu dia]*
para ti, sandra, com os beijos.


Ruth Bernhard, Angelwing


vou colocar nas tuas mãos isto que aqui seguro a medo entre as minhas
senão isto um pouco disto
e é como se o deixasse a teus pés inclinando-me no movimento sagrado de quem
planta um segredo

em troca peço-te um pouco disso que levas aos ombros por trás do sorriso
apenas um pouco disso
e é como se sempre o tivesse trazido comigo num sí­tio fechado do peito espreitando
pela garganta num grito
(que se cala como só calam os gritos brancos)

e porque hoje está um lindo dia
vou sair no final da tarde
celebrando-te no cair do sol


o 11 de setembro*
sempre foi o meu dia. É a única coisa que quero dizer sobre esta data.

quarta-feira, setembro 10, 2003

imagias #6

Piet Mondrian, Gray Tree


será que vês como é mole este chão
e secos estes pés

como tombam sobre a terra gasta
os dias
numa mentira de areias movediças - como sempre afundamos numa mentira


eram pássaros como pardais entrando
pelos ramos mais abertos até ao coração
da árvore

eras tu como os amantes saindo
pelas carícias mais suadas até à ausência
da cor


terça-feira, setembro 09, 2003

/ Y \*
naqueles dias, esperava o sono no sofá. mentira.
naqueles dias, ficava até tarde no sofá esperando o telefone ou a porta. mentira ainda, algo mais complicado ou doentio.
deixava-se ficar no sofá, fingindo ainda que esperava e que não a insónia nem a estranha aversão que ganhara à cama, se nela já não o cheiro.
sabemos hoje que já não esperava ninguém. porque, ali, já não havia sequer espaço para alteridades... quanto mais amor.


segunda-feira, setembro 08, 2003

elogio da sombra #3

Invi­síveis, Os

os invisíveis, para Ana Paula Inácio

Ontem, numa varanda onde molhei os pés, confirmei o que já suspeitava, que também faço parte desses que existem invisíveis. Acreditar no contrário, bem sei que nem dei tempo a que os joelhos se flectissem, não é suficiente. Escrever, onde estão arrumadas as escadas das vindimas?, não é suficiente. Espreitar o crepúsculo para além da urze que me ornamenta o lado esquerdo, chove e a terra já não cheira, não é suficiente. Também eu, um dia, desaparecerei sem que se soubesse que por aqui estive.

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